Justiça de São Paulo marca primeira audiência do caso de peeling de fenol para julho
Audiência será realizada no Fórum Criminal da Barra Funda e pode levar Natalia Becker a júri popular pela morte de Henrique Chagas.
A Justiça de São Paulo agendou para o dia 11 de julho a primeira audiência do caso que envolve Natalia Becker, influenciadora digital e proprietária da clínica onde foi realizado um procedimento estético que resultou na morte de Henrique Chagas, de 27 anos. A audiência de instrução ocorrerá no Fórum Criminal da Barra Funda, localizado na Zona Oeste da capital paulista.
Natalia é acusada de homicídio doloso com dolo eventual qualificado, sob a alegação de que assumiu o risco de causar a morte de Henrique ao realizar o peeling químico com fenol, um procedimento que pode ser perigoso se não for realizado corretamente. Atualmente, ela responde ao processo em liberdade, mas com restrições que a proíbem de deixar o estado de São Paulo sem autorização judicial e de exercer a profissão de esteticista.
O incidente ocorreu em 3 de junho de 2024, quando Henrique pagou R$ 5 mil pelo tratamento na clínica de Natalia. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que o jovem faleceu devido a uma parada cardiorrespiratória provocada por edema pulmonar agudo, após inalar o produto tóxico durante o procedimento. A morte foi constatada no mesmo dia, pouco tempo após a realização do peeling.
Durante as investigações, tanto a Polícia Civil quanto o Ministério Público de São Paulo decidiram não solicitar a prisão preventiva de Natalia. Contudo, a Justiça acatou um pedido do MP para impor restrições à liberdade da influenciadora, que está proibida de frequentar seus estabelecimentos comerciais.
De acordo com a denúncia apresentada pelo promotor Felipe Zilberman, Natalia não possuía formação na área de estética, e a aplicação de fenol em procedimentos estéticos é permitida apenas para médicos. O promotor afirmou que “Natalia demonstrou absoluto desprezo pela vida humana, assumindo o risco de produzir o resultado morte”.
A audiência de instrução será um momento crucial para a definição do futuro de Natalia Becker, pois testemunhas e a própria ré serão ouvidas. A Justiça decidirá se há indícios suficientes para levar o caso a julgamento popular.
O caso reacendeu o debate sobre a regulamentação de procedimentos estéticos no Brasil, uma vez que muitos profissionais atuam na área sem a devida formação. A situação de Natalia Becker destaca a necessidade de uma discussão mais profunda sobre a segurança e a regulamentação de práticas estéticas que envolvem substâncias potencialmente perigosas.
Henrique Chagas começou a passar mal logo após o procedimento e foi atendido por uma equipe do Samu, que constatou seu óbito cerca de uma hora após os primeiros sintomas. Natalia se apresentou à delegacia dois dias depois da morte e prestou depoimento, expressando seu pesar pela tragédia. “Eu estou muito triste pelo que ocorreu, jamais quis prejudicar ninguém. Sinto muito pela família dele”, disse a influenciadora ao sair da delegacia.
As investigações revelaram que a comunicação entre Henrique e a clínica ocorreu por meio do Instagram, onde o jovem foi orientado a realizar o procedimento após enviar uma única foto de seu rosto. A troca de mensagens sugere que a avaliação para o tratamento foi feita de forma superficial, sem a devida análise médica.
A clínica de Natalia foi fechada e autuada pela Vigilância Sanitária, que constatou que o estabelecimento realizava procedimentos em desacordo com a legislação vigente. A repercussão do caso gerou um clamor por maior fiscalização e regulamentação na área de estética, visando proteger os consumidores de práticas inadequadas.
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