Greve de auditores fiscais da Receita Federal causa paralisação de 75 mil remessas
A greve, que já dura mais de dois meses, afeta o comércio exterior e gera prejuízos bilionários.
A greve dos auditores fiscais da Receita Federal, que se estende por mais de dois meses, está causando sérios impactos no comércio exterior e na logística nacional. Estima-se que cerca de 75 mil remessas expressas de importação e exportação estejam paradas nos terminais alfandegários do Brasil, resultando em prejuízos bilionários para empresas e consumidores.
Na fronteira com a Venezuela, em Pacaraima, Roraima, a situação é crítica. Nesta quarta-feira (29), ao menos 60 caminhões aguardavam fiscalização aduaneira, um procedimento obrigatório para a liberação das mercadorias. A greve, que teve início em novembro do ano passado, reivindica reposição salarial de 9% e ocorre em todo o país.
O presidente do Sindicato dos Auditores-Fiscais da Receita Federal em Roraima, Omar Rubin, destacou que a fiscalização é essencial: “Todo produto que entra e sai do país deve passar pelo controle aduaneiro, que é realizado pelos auditores fiscais”. A paralisação impacta diretamente o desembaraço aduaneiro, processo que visa identificar a natureza da carga e os tributos a serem cobrados.
Durante dias normais, cerca de 50 carretas são fiscalizadas diariamente na região. No entanto, com a greve, essa operação foi drasticamente reduzida. Além dos veículos parados no pátio da Receita Federal, há outros 30 caminhões estacionados em uma área conhecida como “barro”, aguardando inspeção.
Embora os servidores mantenham 30% das atividades em serviços de vigilância aduaneira e repressão ao contrabando, a situação permanece crítica. O presidente da Frente Parlamentar do Livre Mercado (FPLM), deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP), alertou sobre os efeitos da greve: “Esses atrasos não afetam apenas as empresas de logística, mas destroem a competitividade do Brasil no mercado global”.
O impacto da greve é sentido em diversos setores, com produtos essenciais, como kits laboratoriais e peças industriais, retidos nos depósitos. Especialistas afirmam que a atual paralisação pode ser ainda mais devastadora para a economia nacional do que greves anteriores, que já resultaram em perdas significativas.
Desde o início da greve, o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco Nacional) tem pressionado por melhores condições de trabalho e reajustes salariais. A última greve da categoria ocorreu entre novembro de 2023 e fevereiro de 2024, quando os servidores aceitaram uma proposta do governo federal.
Os auditores fiscais alegam que o Ministério da Gestão não cumpriu compromissos prévios relacionados à reestruturação de carreiras e negociações salariais, o que contribui para a insatisfação da categoria. Dados da Organização Mundial das Aduanas (OMA) de 2023 mostram que o Brasil possui um agente público aduaneiro a cada 2,2 mil km², em comparação com outros países, como a Alemanha, que tem um agente a cada 8 km².
Com a greve em andamento, a FPLM e outras entidades pressionam o governo para que medidas urgentes sejam tomadas para liberar as operações e evitar um colapso ainda maior no comércio exterior e na logística nacional.
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