A greve, que já dura mais de dois meses, afeta o comércio exterior e gera prejuízos bilionários.
29 de Janeiro de 2025 às 20h25

Greve de auditores fiscais da Receita Federal causa paralisação de 75 mil remessas

A greve, que já dura mais de dois meses, afeta o comércio exterior e gera prejuízos bilionários.

A greve dos auditores fiscais da Receita Federal, que se estende por mais de dois meses, está causando sérios impactos no comércio exterior e na logística nacional. Estima-se que cerca de 75 mil remessas expressas de importação e exportação estejam paradas nos terminais alfandegários do Brasil, resultando em prejuízos bilionários para empresas e consumidores.

Na fronteira com a Venezuela, em Pacaraima, Roraima, a situação é crítica. Nesta quarta-feira (29), ao menos 60 caminhões aguardavam fiscalização aduaneira, um procedimento obrigatório para a liberação das mercadorias. A greve, que teve início em novembro do ano passado, reivindica reposição salarial de 9% e ocorre em todo o país.

O presidente do Sindicato dos Auditores-Fiscais da Receita Federal em Roraima, Omar Rubin, destacou que a fiscalização é essencial: “Todo produto que entra e sai do país deve passar pelo controle aduaneiro, que é realizado pelos auditores fiscais”. A paralisação impacta diretamente o desembaraço aduaneiro, processo que visa identificar a natureza da carga e os tributos a serem cobrados.

Durante dias normais, cerca de 50 carretas são fiscalizadas diariamente na região. No entanto, com a greve, essa operação foi drasticamente reduzida. Além dos veículos parados no pátio da Receita Federal, há outros 30 caminhões estacionados em uma área conhecida como “barro”, aguardando inspeção.

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Embora os servidores mantenham 30% das atividades em serviços de vigilância aduaneira e repressão ao contrabando, a situação permanece crítica. O presidente da Frente Parlamentar do Livre Mercado (FPLM), deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP), alertou sobre os efeitos da greve: “Esses atrasos não afetam apenas as empresas de logística, mas destroem a competitividade do Brasil no mercado global”.

O impacto da greve é sentido em diversos setores, com produtos essenciais, como kits laboratoriais e peças industriais, retidos nos depósitos. Especialistas afirmam que a atual paralisação pode ser ainda mais devastadora para a economia nacional do que greves anteriores, que já resultaram em perdas significativas.

Desde o início da greve, o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco Nacional) tem pressionado por melhores condições de trabalho e reajustes salariais. A última greve da categoria ocorreu entre novembro de 2023 e fevereiro de 2024, quando os servidores aceitaram uma proposta do governo federal.

Os auditores fiscais alegam que o Ministério da Gestão não cumpriu compromissos prévios relacionados à reestruturação de carreiras e negociações salariais, o que contribui para a insatisfação da categoria. Dados da Organização Mundial das Aduanas (OMA) de 2023 mostram que o Brasil possui um agente público aduaneiro a cada 2,2 mil km², em comparação com outros países, como a Alemanha, que tem um agente a cada 8 km².

Com a greve em andamento, a FPLM e outras entidades pressionam o governo para que medidas urgentes sejam tomadas para liberar as operações e evitar um colapso ainda maior no comércio exterior e na logística nacional.

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