Ministério Público busca reverter decisão que excluiu Oseney da Costa do Tribunal do Júri pelos assassinatos
31 de Janeiro de 2025 às 21h09

MPF recorre ao STJ para incluir Oseney no julgamento do caso Bruno e Dom

Ministério Público busca reverter decisão que excluiu Oseney da Costa do Tribunal do Júri pelos assassinatos

O Ministério Público Federal (MPF) apresentou um recurso ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) com o objetivo de reverter a decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) que desobrigou Oseney da Costa de Oliveira de ser julgado pelo Tribunal do Júri. O TRF-1 argumentou que não havia provas suficientes para levar Oseney a julgamento pelos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips.

O MPF defende que Oseney deve ser julgado junto com Amarildo da Costa Oliveira e Jefferson da Silva Lima, que também são acusados no caso. Oseney, conhecido como “Dos Santos”, é irmão de Amarildo, apelidado de “Pelado”.

O TRF-1 decidiu que Amarildo e Jefferson seriam levados a julgamento, mas excluiu Oseney, alegando falta de elementos que comprovassem sua participação nos crimes. Em resposta, o MPF argumentou que essa decisão violou o Código de Processo Penal (CPP), pois existem evidências que justificam o julgamento de Oseney por um júri popular.

No recurso especial, o MPF não solicita um novo exame das provas, mas pede que o STJ analise a contrariedade da decisão do TRF-1 em relação à interpretação da lei e reavalie as evidências já apresentadas no processo. O entendimento do STJ permite essa revisão quando há erro na interpretação legal, sem que isso implique em um novo exame das provas do caso.

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O Tribunal do Júri é um órgão do Poder Judiciário que julga crimes dolosos contra a vida e seus crimes conexos. No caso em questão, Amarildo e Jefferson serão julgados por duplo homicídio qualificado e pela ocultação dos cadáveres das vítimas. Ambos permanecem detidos.

Oseney, por sua vez, aguarda a conclusão do julgamento em prisão domiciliar, sob monitoramento eletrônico.

Os assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips ocorreram em 5 de junho de 2022, enquanto eles navegavam pela Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas. Dom, colaborador do jornal britânico The Guardian, estava escrevendo um livro sobre a preservação da Floresta Amazônica e era acompanhado por Bruno, que havia agendado encontros com lideranças locais.

De acordo com a denúncia do MPF, Amarildo e Jefferson confessaram o crime em seus depoimentos iniciais à polícia, e suas declarações foram corroboradas por testemunhas e evidências apresentadas no processo. O MPF também destacou que já havia registros de desentendimentos entre Bruno e Amarildo relacionados à pesca ilegal em território indígena, o que pode ter motivado os assassinatos.

Bruno foi morto com três tiros, um deles pelas costas, sem chance de defesa. Dom foi assassinado por estar com Bruno, visando garantir a impunidade pelo crime cometido.

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