
Policial civil é preso em operação da PF por lavagem de dinheiro do PCC com fintech
A operação Hydra investiga o uso da 2GO Bank para movimentação de recursos ilícitos para a facção criminosa
A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta terça-feira (25), a operação Hydra, que visa combater a lavagem de dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC) por meio de fintechs. O policial civil Cyllas Salerno Elia Júnior, fundador da 2GO Bank, foi preso durante a ação, que também cumpriu dez mandados de busca e apreensão em diversas localidades, incluindo São Paulo, Santo André e São Bernardo do Campo.
A operação é um desdobramento da delaçãode Vinícius Gritzbach, um empresário que foi assassinado no Aeroporto de Guarulhos em novembro do ano passado. Gritzbach havia revelado que a 2GO Bank era utilizada por membros da facção para movimentar dinheiro destinado à compra de imóveis de luxo.
Os mandados de busca resultaram no bloqueio de oito contas bancárias e na suspensão das atividades das fintechs envolvidas. A investigação revelou um intenso fluxo de dinheiro, levando à comunicação ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) em abril de 2023. Entre as transações suspeitas, destacam-se 72 transferências via Pix, totalizando R$ 16.734, realizadas a partir da conta da 2GO, além de um envio posterior de R$ 25.700 para o mesmo remetente.
Uma das contas da 2GO também fez transações com uma empregada doméstica de Recife, beneficiária do Bolsa Família, que recebeu R$ 8.295 em 68 transferências e enviou R$ 6.350 de volta em 113 operações. Além disso, a fintech movimentou valores para outros beneficiários do programa social em diferentes estados, como Minas Gerais e Maranhão.


As investigações apontam que a 2GO Bank, fundada em 2020 por Elia Júnior, tinha como objetivo facilitar movimentações financeiras anônimas e encobrir a origem de recursos ilícitos. O policial civil já havia sido preso anteriormente, mas foi solto e retornou a suas funções na corporação antes da nova prisão.
O delator Gritzbach também mencionou que Elia Júnior tinha como sócios ocultos integrantes do PCC, como Rafael Maeda, conhecido como “Japa”, e Anselmo Santa Fausta, o “Cara Preta”, ambos assassinados em disputas internas da facção. Gritzbach afirmou que a falta de regulamentação adequada permitiu que as fintechs se tornassem ferramentas atraentes para a lavagem de dinheiro.
O governo revogou recentemente uma instrução normativa que ampliava a fiscalização da Receita Federal sobre as fintechs, o que diminui os mecanismos de controle sobre essas instituições financeiras. A PF, em parceria com o Ministério Público, continua as investigações para identificar a extensão das operações ilícitas e os envolvidos no esquema.
Em nota, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, responsável pelo Bolsa Família, afirmou que realiza avaliações rotineiras para identificar inconsistências de renda e que estudos estão em andamento para aprimorar os procedimentos em 2025. A Controladoria-Geral da União também está auditando beneficiários do programa para identificar possíveis fraudes.
A Polícia Federal não se manifestou sobre o caso, e a 2GO Bank não respondeu aos pedidos de comentário sobre a operação.
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