Decisão judicial suspende o projeto da rodovia A69, que gera controvérsias ambientais e sociais na região
27 de Fevereiro de 2025 às 13h06

Justiça anula autorização para a polêmica obra da A69 entre Toulouse e Castres

Decisão judicial suspende o projeto da rodovia A69, que gera controvérsias ambientais e sociais na região

A justiça administrativa de Toulouse decidiu, nesta quinta-feira (27), anular o decreto que autorizava a construção da rodovia A69, que liga Toulouse a Castres. A decisão foi tomada pelo tribunal administrativo da cidade, em uma medida que promete impactar significativamente o andamento do projeto, que já se arrasta há anos e é alvo de intensos debates sobre suas implicações ambientais.

O tribunal acatou o pedido da relatora pública, que havia solicitado a “anulação total” do decreto que permitiu o início das obras em 2023, com previsão de conclusão para 2025. A decisão foi recebida com entusiasmo pelos opositores do projeto, que a consideraram uma “vitória histórica para o direito ambiental”.

Jean Olivier, presidente da organização ambientalista Amigos da Terra Midi-Pyrénées, afirmou em comunicado: “Não apenas este projeto, considerado inútil e destrutivo, não será realizado, mas também o direito ambiental se fortalece. Essa decisão deve ter repercussão nacional e mudar o cenário para a luta contra projetos desnecessários e impostos”.

Grupos ambientalistas têm destacado os danos que a construção da rodovia causaria, incluindo a destruição de zonas úmidas, terras agrícolas e ecossistemas locais. Durante a audiência do dia 18 de fevereiro, a relatora pública, Mona Rousseau, argumentou que os benefícios esperados da nova rodovia não justificavam as agressões ao meio ambiente, não constituindo uma “razão imperativa de interesse público maior” (RIIPM).

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As manifestações contra a A69 têm sido frequentes, com ativistas conhecidos como “esquilos” se posicionando em árvores ao longo do trajeto para impedir o desmatamento, o que gerou tensões com as forças de segurança que tentaram removê-los.

Para os defensores do projeto, a rodovia de 53 km é vista como essencial para conectar a região sul do Tarn aos serviços da capital regional, Toulouse, incluindo o aeroporto e hospitais. Yasser Abdoulhoussen, diretor do projeto na prefeitura do Tarn, destacou a importância da A69 para o desenvolvimento local.

Atosca, a empresa responsável pela construção e futura concessão da rodovia, informou que já investiu mais de 300 milhões de euros, correspondendo a 65% do orçamento total da obra. A anulação da autorização pode acarretar custos adicionais significativos, segundo a empresa e o governo, que citam a necessidade de estabilizar as obras em andamento e proteger as estruturas já construídas.

Um recurso contra a decisão do tribunal é considerado altamente provável, assim como uma possível contestação no Conselho de Estado. Julien Béataille, professor de direito ambiental na Universidade Toulouse Capitole, comentou: “Esse assunto ainda será debatido por muitos anos”.

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