Igor Melo de Carvalho, de 31 anos, perdeu um rim e se recupera no Hospital Getúlio Vargas; caso gera protestos por justiça.
28 de Fevereiro de 2025 às 07h42

Universitário baleado por PM na Penha pede justiça após recuperação em hospital

Igor Melo de Carvalho, de 31 anos, perdeu um rim e se recupera no Hospital Getúlio Vargas; caso gera protestos por justiça.

O universitário Igor Melo de Carvalho, de 31 anos, que foi baleado por um policial militar da reserva na Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro, se recupera na enfermaria do Hospital Getúlio Vargas. Ele teve alta do CTI na última quinta-feira e, durante a tarde, recebeu visitas de amigos e familiares. Em um vídeo gravado, Igor expressou seu desejo de justiça: “Só peço por justiça, também peço justiça pelo meu amigo Thiago, porque temos um laço de amizade”.

Igor foi confundido com um assaltante e, em decorrência do disparo, perdeu um rim. Sua irmã, Michele Melo, que o visitou, relatou que ele está emocionado e conseguiu falar com seu filho de 2 anos, Jonas, pela primeira vez desde a internação. “Ele esteve em uma chamada de vídeo com o filho. Se emocionou muito. Se Deus quiser, até o final de semana ele já deve estar em casa”, contou Michele.

Em uma imagem divulgada pela família, o estudante aparece com curativos decorados com corações vermelhos, feitos pela equipe médica. A esposa de Igor, Marina Moura, afirmou que ele está se comunicando bem e já pensa em uma possível alta. “Ele está falando normalmente desde a cirurgia. Conversamos muito ontem”, explicou Marina, que também revelou que já foram arrecadados R$ 38 mil por meio de uma vaquinha online para ajudar a família.

Na quarta-feira, os níveis de CPK (creatinofosfoquinase) de Igor, que estavam altos e indicavam uma lesão muscular significativa, começaram a cair, sinalizando uma melhora. “Isso só prova o quanto ele é forte. Hoje liberaram uma dieta líquida de prova, para que ele evolua na alimentação e comece a comer e beber água”, comentou Marina.

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O incidente ocorreu na madrugada da última segunda-feira, quando Igor saiu de uma festa onde trabalhava e solicitou uma corrida de moto para voltar para casa. O motociclista Thiago Marques, que o acompanhava, também foi alvo do policial. O PM, Carlos Alberto de Jesus, disparou duas vezes contra a moto, atingindo Igor nas costas, após sua esposa, Josilene da Silva Souza, ter reconhecido um dos ocupantes como um assaltante.

No segundo depoimento prestado à 21ª DP (Bonsucesso), o policial alegou que atirou após observar um movimento suspeito de Igor. “Vi um homem de camisa amarela fazer um movimento suspeito, girando o corpo para a esquerda e para a direita, como se estivesse se preparando para sacar uma arma”, declarou.

As famílias de Igor e Thiago realizaram um protesto silencioso na porta do hospital, pedindo a prisão do policial por tentativa de homicídio. Marina Moura, esposa de Igor, afirmou: “A gente lutou pela inocência dele, a gente não tinha dúvidas. Agora, a gente quer o Carlos Alberto preso. O que ele fez foi tentativa de homicídio e também está envolvido um racismo estrutural escancarado.”

O policial e sua esposa apresentaram versões contraditórias sobre o ocorrido, levando a polícia a investigar a conduta de Carlos Alberto. A juíza Rachel Assad da Cunha, responsável pela soltura de Igor e Thiago, afirmou que as informações indicam que ambos foram confundidos com os supostos autores do crime de roubo, o que resultou na decisão de libertá-los.

Com a recuperação de Igor em andamento, sua família continua a buscar justiça e responsabilização pelo ocorrido, enquanto a situação do policial é analisada pelas autoridades competentes.

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