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PGR solicita condenação de Carla Zambelli e hacker por invasão ao CNJ
A Procuradoria-Geral da República pede punição para a deputada e Walter Delgatti por crimes cibernéticos.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) formalizou, na última sexta-feira (31), um pedido de condenação da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e do hacker Walter Delgatti Neto, acusados de invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Os dois enfrentam a acusação de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica, crimes que, segundo a PGR, atentaram contra a segurança do Poder Judiciário.
De acordo com a PGR, as ações de Zambelli e Delgatti não se restringiram a interesses individuais, mas tiveram um impacto significativo na integridade do sistema judiciário. O procurador-geral, Paulo Gonet, destacou que “há significativos elementos sobre a gravidade das condutas ilícitas dos denunciados, cujos desdobramentos atentaram contra a segurança, o sigilo, a inviolabilidade de dados sensíveis e, ainda, a fé pública do Poder Judiciário”.
A denúncia sustenta que a dupla articulou ataques coordenados com o intuito de deslegitimar a Justiça e incitar atos antidemocráticos. A PGR afirmou que “os desmedidos e seletivos ataques coordenados pela parlamentar denunciada e efetivados pelo denunciado Walter Delgatti Neto possuem gravidade acentuada e tiveram o propósito espúrio de tentar colocar em dúvida a legitimidade e a lisura da Administração da Justiça”.
O pedido de condenação inclui a aplicação de agravantes, considerando que os crimes foram cometidos em concurso de pessoas, o que pode elevar a pena total a ser aplicada. A PGR também solicitou que a pena seja aumentada em casos de crimes cibernéticos praticados contra instituições públicas, conforme o parágrafo 2º do artigo 154-A do Código Penal.
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O desfecho do processo pode resultar na cassação do mandato de Carla Zambelli, uma vez que a decisão final caberá ao Supremo Tribunal Federal (STF). Se condenada a uma pena superior a quatro anos, a deputada poderá perder o mandato e ser considerada inelegível com base na Lei da Ficha Limpa.
Nos bastidores, aliados de Zambelli avaliam que o caso pode gerar um impacto político significativo, especialmente dentro do PL e do núcleo bolsonarista do Congresso. A deputada ainda não se manifestou publicamente sobre o pedido da PGR.
Vale lembrar que, na última quinta-feira (30), o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) já havia cassado o mandato de Zambelli, alegando abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação ao disseminar notícias falsas sobre o processo eleitoral de 2022. O tribunal também a tornou inelegível por um período de oito anos.
Em resposta às acusações, Zambelli se declarou vítima de “perseguição política” e argumentou que o TRE-SP anulou os votos que recebeu nas eleições de 2022. A defesa da parlamentar já anunciou que recorrerá da decisão e que está preparando uma resposta formal às alegações da PGR.
O caso de invasão ao CNJ é apenas um dos episódios que envolvem a deputada, que já enfrenta uma série de desafios legais e políticos desde o fim das eleições de 2022. A situação se agrava com as novas acusações, que podem ter consequências severas para sua carreira política.
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