Procuradoria-Geral da República pede responsabilização da deputada e do hacker por crimes de invasão e falsidade ideológica.
02 de Fevereiro de 2025 às 09h48

PGR solicita condenação de Carla Zambelli e hacker por invasão ao CNJ

Procuradoria-Geral da República pede responsabilização da deputada e do hacker por crimes de invasão e falsidade ideológica.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou um pedido de condenação à deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e ao hacker Walter Delgatti Neto, ambos acusados de envolvimento em uma série de invasões aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). As acusações incluem crimes de invasão de dispositivo eletrônico e falsidade ideológica, com a PGR solicitando um aumento nas penas devido à gravidade das ações.

De acordo com a PGR, as atividades ilícitas ocorreram entre o final de 2022 e o início de 2023, período que se seguiu à derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. O procurador-geral, Paulo Gonet, argumentou que Zambelli utilizou os serviços de Delgatti para deslegitimar a Justiça brasileira, criando um ambiente de desconfiança e desmoralização.

As investigações indicam que ambos os acusados planejaram e executaram a invasão ao sistema do CNJ com o objetivo de inserir um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A PGR alega que Zambelli orientou Delgatti a forjar o documento, que foi registrado como se fosse uma ordem oficial do próprio ministro.

Em depoimento à Polícia Federal, Delgatti confirmou que a deputada solicitou a invasão e a criação do documento fraudulento, além de admitir que recebeu pagamentos dela pelos serviços prestados. A PGR também destacou que a perícia identificou arquivos idênticos nos celulares de Zambelli e Delgatti, reforçando a conexão entre os dois na tentativa de manipulação do sistema judicial.

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Os documentos encontrados incluem não apenas o mandado de prisão falso, mas também uma decisão que determinava o bloqueio de R$ 22.991.544,60 na conta de Moraes, um valor que corresponde exatamente a uma multa aplicada ao partido de Zambelli em 2022, quando Moraes presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A PGR argumenta que as ações dos réus comprometem a segurança institucional e a credibilidade do sistema judicial. “Os ataques coordenados pela parlamentar e pelo hacker possuem gravidade acentuada e tinham o propósito de tentar colocar em dúvida a legitimidade da Justiça, como estratégia para incitar atos antidemocráticos”, afirmou Gonet em sua manifestação.

A defesa de Zambelli, por sua vez, nega as acusações e afirma que a investigação não apresentou provas suficientes para sustentar a culpabilidade da deputada. Em nota, a defesa ressaltou que Zambelli não cometeu qualquer ilicitude e que confia na inocência dela, uma vez que as provas não demonstram qualquer envolvimento nos atos praticados por Delgatti.

Além das acusações relacionadas à invasão do CNJ, Zambelli também enfrenta um processo separado que resultou na cassação de seu mandato pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) por abuso de poder político e disseminação de fake news durante as eleições de 2022. Embora a decisão não tenha efeito imediato, a deputada foi declarada inelegível por oito anos e ainda pode recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral.

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