Manoel Pereira da Silva e sua filha foram multados pelo Ibama após crime ambiental em Piauí.
03 de Fevereiro de 2025 às 11h26

Pai de mulher que matou onça-parda diz que não consegue pagar multa de R$ 20 mil

Manoel Pereira da Silva e sua filha foram multados pelo Ibama após crime ambiental em Piauí.

Manoel Pereira da Silva, pai da mulher que foi filmada matando uma onça-parda em Alto Longá, no Piauí, declarou que não sabe como pagará a multa de R$ 20 mil imposta pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O crime, que ocorreu em 16 de dezembro do ano passado, ganhou notoriedade nas redes sociais após a divulgação do vídeo.

Em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, Manoel alegou que a onça atacava seu rebanho, que diminuiu consideravelmente devido aos ataques do animal. “Hoje eu não tenho 20 cabeças de bode”, afirmou. Ele expressou sua preocupação com a multa, afirmando: “Não sei como vou pagar. Nosso recurso é nosso salário”.

O Ibama multou Manoel e sua filha, Eula Pereira da Silva, em R$ 20 mil cada. A autuação foi baseada na prática de crime ambiental, que inclui a caça ilegal de fauna silvestre. Segundo Adelques Monteiro, chefe da Divisão de Fiscalização do Ibama no Piauí, a tendência natural seria que a onça fugisse ao perceber a presença humana, já que “ela tem medo dos humanos e não atacaria”.

O caso envolve três pessoas: Eula, que disparou contra a onça; sua irmã, que filmou o ato; e o pai, que também foi responsabilizado. O Ibama já tomou providências, incluindo a apreensão dos cães da família, que estavam envolvidos na caça e eram mantidos em condições inadequadas.

- CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE -

As multas aplicadas pelo Ibama foram detalhadas da seguinte forma: R$ 3 mil por praticar ato de abuso ao ferir a onça-parda; R$ 5 mil por caçar o animal sem autorização; e R$ 12 mil por maus-tratos a quatro cães utilizados na atividade de caça. As penalidades somam R$ 20 mil para cada um dos envolvidos.

O caso está sendo investigado em duas esferas: a administrativa, onde já ocorreram as multas, e a criminal, que pode resultar em penas mais severas. O Ministério Público deverá formalizar a denúncia após a conclusão do processo administrativo.

A Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605) estabelece penas que variam de seis meses a um ano de detenção, além de multas, para quem mata ou persegue fauna silvestre sem autorização. A punição pode ser agravada em casos que envolvam espécies ameaçadas de extinção.

Bruno Campos Ramos, agente ambiental do Ibama, destacou que todos os envolvidos no crime serão responsabilizados, incluindo quem filmou a ação. Ele afirmou que a mulher que aparece no vídeo terá a oportunidade de se defender, e que, caso não compareça, o Ibama tomará as medidas necessárias para localizá-la.

O vídeo que viralizou nas redes sociais mostra Eula, acompanhada de seu pai e da irmã, durante o ato de caça. A onça-parda, que é o segundo maior felino do Brasil e está em perigo de extinção, foi atacada enquanto estava em uma árvore, sem oferecer risco à família, conforme afirmaram os fiscais do Ibama.

Veja também:

Tópicos: