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Dólar encerra em R$ 5,77, marcando 12ª queda consecutiva e menor valor em 20 anos
Moeda americana desvalorizou-se após adiamento de tarifas comerciais por Trump e dados do emprego nos EUA.
O dólar comercial fechou nesta terça-feira (4) cotado a R$ 5,77, registrando a 12ª queda consecutiva, a maior sequência de desvalorização da moeda americana em 20 anos. Este é o menor patamar alcançado desde 19 de novembro de 2024. Durante a sessão, a moeda chegou a ser negociada a R$ 5,75, refletindo um movimento de recuperação do real frente ao dólar.
A desvalorização do dólar é atribuída a dois fatores principais: a mudança na postura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que adiou a implementação de tarifas sobre produtos do Canadá e do México, e a divulgação de dados sobre o mercado de trabalho nos EUA. Trump, que já havia elevado tarifas de importação, decidiu postergar a aplicação de sobretaxas, o que trouxe alívio ao mercado cambial.
Emerson Vieira Junior, responsável pela mesa de câmbio da Convexa Investimentos, destacou que a diminuição das tensões comerciais contribuiu para a valorização do real. “A expectativa de que a situação do comércio internacional não se agrave tanto quanto se temia inicialmente reflete-se no comportamento do dólar”, afirmou.
Além disso, o relatório Job Openings and Labor Turnover Survey (JOLTS) revelou que foram criadas 7,6 milhões de vagas de emprego nos EUA em dezembro, abaixo das expectativas de 8 milhões. Essa desaceleração no mercado de trabalho sugere um desaquecimento da economia americana, o que pode levar a uma possível redução nas taxas de juros, beneficiando mercados emergentes como o brasileiro.
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O desempenho do real também é influenciado por fatores internos, como a expectativa de uma safra agrícola promissora no Brasil, o que pode ajudar a controlar a inflação. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou sobre a importância da desvalorização do dólar em um contexto de alta nos preços dos alimentos, afirmando que isso pode amenizar os impactos inflacionários.
Apesar da queda do dólar, o governo brasileiro ainda não anunciou medidas diretas para enfrentar a alta dos preços dos alimentos, que afeta principalmente as famílias de baixa renda. A expectativa é de que a combinação de uma moeda mais forte e uma boa colheita traga alívio à economia nos próximos meses.
O mercado financeiro também mostrou sinais de otimismo, com a Bolsa brasileira (B3) operando em queda, mas com o Ibovespa apresentando um desempenho relativamente estável. Às 17 horas, o índice registrava recuo de 0,44%, refletindo a volatilidade do cenário econômico.
Analistas alertam, no entanto, que a fragilidade dos fundamentos econômicos do Brasil pode impactar a confiança dos investidores. A incerteza em torno da política fiscal e as condições econômicas globais exigem atenção, pois mudanças podem rapidamente reverter as tendências observadas no mercado cambial.
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