Pesquisa da Universidade de Birmingham indica que restrições não impactam notas ou saúde mental dos alunos.
05 de Fevereiro de 2025 às 09h17

Estudo revela que proibição de celulares nas escolas não melhora desempenho escolar

Pesquisa da Universidade de Birmingham indica que restrições não impactam notas ou saúde mental dos alunos.

Um novo estudo da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, trouxe à tona resultados surpreendentes sobre a eficácia da proibição de celulares nas escolas. A pesquisa, que analisou 1.227 estudantes de 30 instituições de ensino, concluiu que as restrições ao uso de smartphones não melhoram o desempenho acadêmico nem o bem-estar mental dos alunos.

Os pesquisadores descobriram que, embora o uso excessivo de celulares e redes sociais esteja associado a notas mais baixas, problemas de sono, comportamentos disruptivos e falta de atividade física, esses efeitos não diferem entre escolas que adotam políticas restritivas e aquelas que permitem o uso dos dispositivos.

O estudo, publicado na revista The Lancet Regional Health Europe, revelou que as tentativas de limitar o uso de celulares durante o horário escolar não resultaram em uma diminuição significativa do tempo que os alunos passam em seus aparelhos ao longo do dia. Em média, os estudantes ainda gastam entre quatro a seis horas diárias em smartphones.

A autora principal da pesquisa, Dra. Victoria Goodyear, enfatizou que as proibições isoladas não são suficientes para enfrentar os impactos negativos do uso excessivo de celulares. “Precisamos ir além das restrições nas escolas. É necessário um enfoque mais holístico que considere o uso de celulares tanto dentro quanto fora do ambiente escolar”, afirmou.

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Os dados coletados indicam que, apesar das proibições, os alunos tendem a compensar o tempo perdido em casa, o que sugere que as políticas atuais não são eficazes em reduzir o uso geral de smartphones. A pesquisa também destacou que o aumento do tempo de tela afeta negativamente a saúde mental, o comportamento em sala de aula e os ciclos de sono dos estudantes.

Joe Ryrie, diretor do grupo de campanha Smartphone Free Childhood, expressou surpresa com os resultados, afirmando que a questão do uso de celulares nas escolas é um problema social mais amplo que exige atenção urgente de pais, escolas e do governo. Ele defende que a solução não está apenas em proibir o uso dos aparelhos, mas em regular as plataformas de redes sociais para torná-las mais seguras e menos viciantes.

A secretária de Educação, Bridget Phillipson, também se manifestou sobre o tema, rejeitando propostas de novas leis que visem proibir celulares nas salas de aula, considerando-as uma “gimmick que chama atenção”. Ela reconheceu que, embora os celulares não tenham lugar na sala de aula, as escolas já estão tomando medidas firmes para controlar seu uso.

No Brasil, a proibição do uso de celulares nas escolas foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em janeiro, gerando debates sobre os impactos do uso desses dispositivos no desempenho acadêmico e na saúde mental de crianças e adolescentes. A nova legislação prevê que o uso de celulares seja restrito em todas as etapas da educação básica, mas permite seu uso sob orientação pedagógica.

Os resultados do estudo da Universidade de Birmingham levantam questões importantes sobre a eficácia das políticas de proibição de celulares nas escolas e sugerem que uma abordagem mais integrada e consciente pode ser necessária para lidar com os desafios do uso excessivo de tecnologia entre os jovens.

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