Após anos de compromisso, empresa retira cláusula que proibia desenvolvimento de inteligência artificial para armamentos e vigilância.
05 de Fevereiro de 2025 às 09h22

Google altera princípios e abre caminho para uso de IA em armamentos

Após anos de compromisso, empresa retira cláusula que proibia desenvolvimento de inteligência artificial para armamentos e vigilância.

O Google, gigante da tecnologia, anunciou uma atualização em seus princípios de inteligência artificial (IA), que agora não incluem mais a proibição de desenvolver tecnologias para armamentos e sistemas de vigilância. Essa mudança representa uma reviravolta significativa nas diretrizes da empresa, que, em 2018, havia se comprometido a não participar do desenvolvimento de IA para fins bélicos.

A decisão de revisar os princípios foi divulgada em um comunicado no blog da empresa, onde a administração justificou que a evolução rápida da tecnologia desde 2018 exigia uma reavaliação das diretrizes. No entanto, a nova versão não menciona a cláusula que impedia explicitamente o uso de IA em armamentos ou em tecnologias que poderiam violar normas internacionais.

Os novos princípios estabelecem que a IA deve estar alinhada com “princípios amplamente aceitos do direito internacional e dos direitos humanos”, mas não fazem referência direta à proibição anterior de desenvolver tecnologias que poderiam causar danos ou ferir pessoas. Essa mudança ocorre em um contexto de crescente competição global no campo da inteligência artificial, onde a segurança nacional é frequentemente citada como uma prioridade.

O CEO do Google, Sundar Pichai, e outros executivos da empresa, como Demis Hassabis, que lidera a divisão de IA, afirmaram que a atualização é uma resposta às mudanças no cenário tecnológico e geopolítico. Em um comunicado, eles enfatizaram que “democracias devem liderar o desenvolvimento da IA” de forma que respeite os direitos humanos e promova o crescimento global.

Além da mudança nas diretrizes de IA, o Google também enfrentou reações negativas do mercado financeiro. Após a divulgação de resultados financeiros abaixo das expectativas, as ações da Alphabet, empresa controladora do Google, caíram mais de 7% no pregão após o fechamento do mercado. O crescimento da receita do setor de nuvem, embora tenha aumentado 30% em relação ao ano anterior, não atendeu às previsões dos analistas.

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A empresa reportou um lucro de 26,54 bilhões de dólares, um aumento de 28% em relação ao ano anterior, mas a receita total de 96,47 bilhões de dólares ficou aquém das expectativas do mercado. A divisão de publicidade do Google, que ainda representa a maior parte da receita, cresceu 10,6%, contribuindo com 72,46 bilhões de dólares.

O crescimento das receitas de publicidade foi impulsionado por gastos relacionados às eleições presidenciais nos Estados Unidos, com um aumento significativo na visualização de vídeos no YouTube. No dia da eleição, 45 milhões de usuários assistiram a conteúdos relacionados à votação na plataforma.

Com o aumento da concorrência no setor de tecnologia, o Google está investindo bilhões em infraestrutura para IA, com planos de destinar cerca de 75 bilhões de dólares em 2025 para expandir seus centros de dados. A empresa busca aprimorar suas capacidades de IA para manter sua posição de liderança no mercado, enquanto enfrenta desafios de concorrentes que utilizam IA para oferecer respostas diretas em vez de links em suas plataformas de busca.

As mudanças nas diretrizes de IA do Google refletem um momento crucial na indústria de tecnologia, onde a ética e a responsabilidade no uso da inteligência artificial estão sendo discutidas com crescente urgência. Especialistas e ativistas têm expressado preocupações sobre o desenvolvimento de sistemas autônomos que podem ser utilizados em conflitos armados, ressaltando a necessidade de regulamentações mais rigorosas.

O cenário atual exige que as empresas de tecnologia, como o Google, equilibrem inovação e responsabilidade social, especialmente em um momento em que a IA se torna cada vez mais integrada à vida cotidiana das pessoas em todo o mundo.

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