O presidente Javier Milei anunciou que o 'cepo' poderá ser eliminado antes, dependendo de acordo com o FMI.
05 de Fevereiro de 2025 às 09h47

Milei confirma que Argentina suspenderá controle cambial a partir de 2026

O presidente Javier Milei anunciou que o 'cepo' poderá ser eliminado antes, dependendo de acordo com o FMI.

O presidente da Argentina, Javier Milei, reafirmou nesta segunda-feira, em entrevista ao canal local La Nación +, que os controles cambiais, conhecidos como "cepo cambiario", serão eliminados a partir de 1º de janeiro de 2026. No entanto, ele também indicou que, caso o país receba um desembolso adequado do Fundo Monetário Internacional (FMI), essa mudança poderá ocorrer ainda em 2025.

O "cepo", que limita o acesso a dólares no país desde 2019, é uma medida que foi implementada para conter a fuga de capitais e estabilizar a economia argentina, que enfrenta uma das inflações mais altas do mundo. A moeda americana, nesse contexto, é vista como um valor seguro pela população, que tem visto sua moeda local perder poder de compra ao longo dos anos.

Durante a entrevista, Milei afirmou: "Em 1º de janeiro de 2026, o cepo não existirá. Se houver um desembolso do FMI, podemos fazer isso mais rápido. É preciso avaliar como o programa será estruturado e como os recursos serão alocados, isso determinará a saída do cepo".

A possibilidade de antecipar a eliminação do controle cambial está atrelada à negociação de um novo acordo com o FMI, referente a um empréstimo de US$ 44 bilhões contraído em 2018. O governo argentino já iniciou conversas para reestruturar essa dívida e garantir novos recursos para a economia.

Além disso, Milei mencionou que o governo reduziu a taxa de "crawling peg", que consiste em pequenas desvalorizações diárias da moeda, de 2% para 1%. Essa medida, segundo ele, é um passo inicial em direção à eliminação do controle cambial.

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A economista Marina Dal Poggetto destacou que a continuidade do programa econômico do governo depende da manutenção do "cepo". Em entrevista ao mesmo canal, ela afirmou: "Os controles de capitais fazem parte do esquema econômico atual. Se o objetivo é garantir a continuidade do processo de desinflação, o plano requer supervisão tanto do mercado cambial oficial quanto do mercado financeiro".

Analistas do Bradesco BBI comentaram que a medida de Milei pode apoiar o ciclo virtuoso que o mercado argentino tem demonstrado, com a desaceleração da inflação e a recuperação da atividade econômica. A expectativa é que a eliminação do controle cambial traga maior estabilidade para o mercado e impulsione a confiança dos investidores.

O cenário econômico da Argentina, que inclui distorções entre os setores de atividade, será um fator crucial nas discussões futuras sobre a eliminação do "cepo". O BBI ressaltou que, embora a data para a suspensão do controle cambial esteja mais distante do que o mercado esperava, ela pode ser antecipada dependendo da evolução da inflação e dos níveis de câmbio.

Para o setor de petróleo e gás da América Latina, a possível mudança nas regras cambiais é vista como positiva, pois pode oferecer maior estabilidade para pagamentos de dividendos e incentivar uma maior oferta de sondas na Argentina, contribuindo para a redução dos custos de perfuração.

Os próximos passos do governo argentino em relação ao "cepo cambiario" e a negociação com o FMI serão observados de perto, à medida que a economia do país busca se recuperar de anos de instabilidade e crise financeira.

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