Investigação revela que agentes tentaram interferir em depoimentos de comparsas; operação ocorreu no Carandiru
06 de Fevereiro de 2025 às 09h20

Policiais civis são presos por uso de celulares em presídio de São Paulo

Investigação revela que agentes tentaram interferir em depoimentos de comparsas; operação ocorreu no Carandiru

A Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo, em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público, deflagrou uma operação nesta terça-feira (4) para apreender celulares utilizados por dois policiais civis que se encontram presos preventivamente no presídio do Carandiru.

Os policiais Valdenir Paulo de Almeida, conhecido pelo apelido de “Xixo”, e Valmir Pinheiro, apelidado de “Bolsonaro”, são investigados por supostamente terem utilizado seus celulares para se comunicar com pessoas do lado de fora da unidade prisional. O objetivo seria interferir nas investigações relacionadas a uma organização criminosa.

De acordo com as apurações, os agentes teriam coagido um dos envolvidos a mentir durante seu depoimento. A operação, batizada de “Video Vocacionis”, em referência ao uso de videochamadas, foi desencadeada após a constatação de que os dois policiais estavam pressionando um comparsa a omitir informações sobre suas atividades ilícitas.

Os dois policiais estão presos desde setembro de 2024, acusados de chefiar uma organização criminosa dentro da Polícia Civil de São Paulo. O Ministério Público de São Paulo (MPSP) investiga o grupo por crimes que incluem corrupção, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Eles teriam recebido R$ 800 mil em propina para arquivar investigações relacionadas ao tráfico de drogas.

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Durante a operação, foram apreendidos 23 celulares, além de outros objetos como 14 carregadores, 26 fones de ouvido, 11 smartwatches, um notebook e uma quantia significativa de dinheiro em espécie, incluindo dólares e euros. A maioria dos celulares foi encontrada enterrada em um jardim da área comum do presídio.

Além das apreensões, um mandado de busca e apreensão foi cumprido contra um delegado da Polícia Civil, que não está preso, mas é suspeito de envolvimento no esquema de corrupção. O nome do delegado não foi divulgado, mas ele também teria ligações com Antônio Vinícius Gritzbach, um delator do Primeiro Comando da Capital (PCC) que foi assassinado no Aeroporto de Guarulhos no ano passado.

A operação contou com o apoio de diversas instituições, incluindo a Secretaria Estadual da Administração Penitenciária, a Controladoria-Geral do Estado, a Polícia Científica e a Guarda Civil Metropolitana. A ação mobilizou cerca de 80 policiais para o cumprimento dos mandados de busca e apreensão.

As investigações continuam em andamento, com o objetivo de elucidar a extensão das atividades ilícitas dentro da Polícia Civil e a possível participação de outros agentes no esquema criminoso. A Corregedoria da Polícia Civil reafirma seu compromisso em combater a corrupção e a criminalidade dentro das forças de segurança.

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