
Maioria dos países não cumpre prazo da ONU para novas metas climáticas
Apenas Brasil e poucos outros países apresentaram novos planos para reduzir emissões até 2035.
Em um cenário preocupante para o combate às mudanças climáticas, a maioria das nações signatárias do Acordo de Paris não cumpriu o prazo estabelecido pela ONU para apresentar novas metas climáticas. O prazo, que expirou na segunda-feira (10), exigia que os países definissem suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (iNDC) para a redução de emissões de gases de efeito estufa até 2035.
Até a manhã do dia 10, apenas 10 dos quase 200 países que assinaram o acordo haviam enviado suas propostas atualizadas. Entre eles, o Brasil se destacou ao apresentar sua iNDC, reafirmando seu comprometimento com os objetivos climáticos globais.
As principais nações poluidoras, como China, Índia e a União Europeia, não submeteram seus planos dentro do prazo. A ausência desses documentos levanta preocupações sobre a seriedade com que esses países estão tratando a crise climática, especialmente em um momento em que a temperatura global já ultrapassou 1,5°C acima dos níveis pré-industriais pela primeira vez na história.
Bill Hare, diretor-executivo do Climate Analytics, expressou sua insatisfação com a situação, afirmando: “O público tem o direito de esperar uma forte reação de seus governos ao fato de que o aquecimento global já atingiu 1,5 grau Celsius por um ano inteiro, mas não vimos praticamente nada de substância”.
O Acordo de Paris, firmado em 2015, tem como objetivo limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C. No entanto, os esforços até agora têm sido insuficientes, com as emissões globais continuando a aumentar. O ano passado foi o primeiro a registrar um aquecimento superior a 1,5°C.


Embora o Brasil tenha cumprido o prazo, a situação é crítica para outros grandes emissores. Os Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, anunciaram sua retirada do Acordo de Paris e suspenderam investimentos em energia limpa, o que afeta diretamente os esforços globais de mitigação.
Simon Stiell, chefe de clima da ONU, comentou que a maioria dos países ainda planeja divulgar seus novos planos em 2025. Ele ressaltou a importância dos investimentos globais em energia limpa, que somaram US$ 2 trilhões no ano passado, como um fator crucial para a definição de políticas climáticas eficazes.
Enquanto isso, a União Europeia justificou seu atraso ao afirmar que seu ciclo político não se alinhava com o prazo da ONU. A China, por sua vez, afirmou que apresentará seu plano “no momento apropriado”, enquanto a Índia mencionou a necessidade de mais estudos antes de submeter suas metas.
Com a próxima Conferência das Partes (COP30) marcada para ocorrer no Brasil, o país terá um papel importante em liderar as discussões sobre mudanças climáticas e pressionar outras nações a se comprometerem com ações mais ambiciosas.
A situação atual destaca a urgência de uma ação global coordenada para enfrentar a crise climática, uma vez que o tempo para reverter os danos causados pelo aquecimento global está se esgotando rapidamente.
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