Ranking global revela que o país ocupa a 107ª posição entre 180 na percepção de integridade das instituições
11 de Fevereiro de 2025 às 08h09

Brasil atinge pior índice de corrupção em 13 anos, segundo Transparência Internacional

Ranking global revela que o país ocupa a 107ª posição entre 180 na percepção de integridade das instituições

O Brasil alcançou em 2024 sua pior posição histórica no Índice de Percepção da Corrupção (IPC), um ranking global que avalia a integridade das instituições em 180 países, elaborado pela Transparência Internacional. De acordo com a pesquisa divulgada nesta terça-feira, 11, o país ocupa a 107ª colocação, empatado com Argélia, Maláui, Nepal, Níger, Tailândia e Turquia.

Este resultado marca o pior desempenho do Brasil em treze anos de monitoramento pelo IPC. As melhores pontuações foram registradas em 2012 e 2014, durante a presidência de Dilma Rousseff, quando o país alcançou a 69ª posição. Desde então, o Brasil caiu para o 105º lugar em 2018, sob o governo de Michel Temer, e oscilou entre as 106ª e 94ª posições durante a presidência de Jair Bolsonaro, entre 2019 e 2022. A situação se agravou com o retorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto.

Para a elaboração do IPC, a ONG considera análises de acadêmicos, juristas, empresários e especialistas sobre a corrupção no setor público de cada país. Em 2024, o índice utilizou oito fontes de informações para calcular a nota do Brasil, incluindo o Fórum Econômico Mundial, a Fundação Bertelsmann e o World Justice Project.

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Os autores da pesquisa afirmam que a baixa pontuação do Brasil reflete o crescente enraizamento das organizações criminosas no Estado, uma tendência que vem se intensificando nos últimos anos. O diretor-executivo da Transparência Internacional no Brasil, Bruno Brandão, destacou: “O que se viu foi o avanço do processo de captura do Estado pela corrupção. A principal evidência vai se tornando clara: a presença cada vez maior e explícita do crime organizado nas instituições estatais”.

Além do ranking global, a Transparência Internacional publicou um relatório que aponta algumas causas que contribuíram para a queda da nota do Brasil. Entre os fatores destacados estão retrocessos nos Três Poderes da República, que impactaram negativamente a luta anticorrupção no país.

Executivo

  • Manutenção de Juscelino Filho (União Brasil) à frente do Ministério dos Transportes, mesmo após ser indiciado por corrupção passiva e fraude em licitações;
  • Retomada da influência de empresas envolvidas na Operação Lava-Jato, como JBS e Andrade Gutierrez, que firmaram novos contratos com o governo federal;
  • Falta de transparência e regras de controle social nos repasses de recursos para o Novo PAC;
  • Silêncio de Lula sobre a pauta anticorrupção em eventos internacionais, como a Cúpula do G20, realizada no Rio de Janeiro em novembro de 2024.

Legislativo

  • Concentração de poder nas mãos do Centrão, representado pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP);
  • Descontrole das emendas orçamentárias, incluindo a persistência do chamado “Orçamento Secreto”, considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal;
  • Aprovação da PEC da Anistia aos Partidos, que extinguiu punições para legendas que utilizaram irregularmente fundos eleitorais;
  • Avanço de um projeto no Senado que legaliza bingos e cassinos, práticas historicamente ligadas à lavagem de dinheiro no Brasil.

Judiciário

  • Arquivamentos e anulações de provas em investigações relacionadas à Novonor e ao esquema de corrupção da antiga Odebrecht;
  • Conflitos de interesses envolvendo magistrados e o setor privado, como o evento “Gilmarpalooza”, organizado pelo ministro Gilmar Mendes;
  • Fracos mecanismos de controle da OAB sobre a advocacia, diante de casos de associações entre advogados e facções criminosas.

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