
CGU minimiza pior nota da história do Brasil em percepção da corrupção
Controladoria-Geral da União defende que ranking da Transparência Internacional apresenta distorções metodológicas.
A Controladoria-Geral da União (CGU) minimizou, nesta terça-feira (11), o pior desempenho do Brasil no Índice de Percepção da Corrupção (IPC), divulgado pela Transparência Internacional. O órgão argumentou que o ranking apresenta “distorções” e limitações metodológicas, ressaltando que o indicador mede apenas a percepção, e não a ocorrência real de corrupção nos países.
Subordinada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que enfrentou processos relacionados à corrupção na Operação Lava Jato, a CGU publicou um posicionamento oficial enfatizando seu compromisso com a transparência e o combate à corrupção. Apesar do IPC atribuir a queda do Brasil a fatores como o silêncio de Lula sobre a pauta anticorrupção e desvios de emendas parlamentares, a CGU defende que a interpretação dos resultados deve ser feita com cautela.
O relatório do IPC recomenda que a análise dos dados seja feita com prudência, especialmente em relação a variações que podem ser consideradas “sutis” ou “estatisticamente irrelevantes”. A CGU argumenta que países que combatem a corrupção podem ser penalizados no IPC, uma vez que a exposição de casos e investigações pode impactar negativamente a percepção da população sobre o problema.
“O combate à corrupção não pode ser tratado como um fator negativo para a avaliação de um país. O uso do IPC para embasar debates públicos pode levar a distorções, alimentando narrativas que minam a confiança nas instituições democráticas. O índice se baseia em pesquisas com grupos específicos, como empresários, e não representa a percepção geral da população”, afirmou a CGU.


O Brasil registrou uma queda de dois pontos entre 2023 e 2024, passando de 36 para 34 pontos, o que fez o país cair da 104ª para a 107ª posição entre 180 países analisados. A melhor performance do Brasil no IPC ocorreu em 2012 e 2014, quando o país obteve 43 pontos.
A CGU destacou que, em 2024, foram realizadas 47 operações contra a corrupção, afirmando que avanços concretos não foram devidamente reconhecidos pelo levantamento da Transparência Internacional. Entre as ações mencionadas, estão a ampliação do acesso à informação pelo Portal da Transparência e o lançamento do Plano de Integridade e Combate à Corrupção 2025-2027, que inclui 260 ações estratégicas.
“Esses avanços refletem um compromisso sólido com a governança democrática, algo que o IPC não mede de forma adequada. A CGU reafirma a necessidade de um debate mais técnico e fundamentado sobre os métodos de avaliação da corrupção no Brasil e no mundo”, conclui o órgão.
A Transparência Internacional, por sua vez, alertou que o desempenho negativo do Brasil é resultado do crime organizado ter iniciado um processo de “captura” do Estado. A organização concluiu que o Brasil falhou em reverter a trajetória de desmonte do combate à corrupção nos últimos anos.
Entre os principais motivos citados para a nota baixa do Brasil no IPC estão o silêncio do presidente Lula sobre a pauta anticorrupção, a falta de transparência no Novo PAC, a percepção de ingerência política na Petrobras e a persistência de corrupção em órgãos como o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS).
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