Controladoria-Geral da União defende que ranking da Transparência Internacional apresenta distorções metodológicas.
11 de Fevereiro de 2025 às 14h19

CGU minimiza pior nota da história do Brasil em percepção da corrupção

Controladoria-Geral da União defende que ranking da Transparência Internacional apresenta distorções metodológicas.

A Controladoria-Geral da União (CGU) minimizou, nesta terça-feira (11), o pior desempenho do Brasil no Índice de Percepção da Corrupção (IPC), divulgado pela Transparência Internacional. O órgão argumentou que o ranking apresenta “distorções” e limitações metodológicas, ressaltando que o indicador mede apenas a percepção, e não a ocorrência real de corrupção nos países.

Subordinada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que enfrentou processos relacionados à corrupção na Operação Lava Jato, a CGU publicou um posicionamento oficial enfatizando seu compromisso com a transparência e o combate à corrupção. Apesar do IPC atribuir a queda do Brasil a fatores como o silêncio de Lula sobre a pauta anticorrupção e desvios de emendas parlamentares, a CGU defende que a interpretação dos resultados deve ser feita com cautela.

O relatório do IPC recomenda que a análise dos dados seja feita com prudência, especialmente em relação a variações que podem ser consideradas “sutis” ou “estatisticamente irrelevantes”. A CGU argumenta que países que combatem a corrupção podem ser penalizados no IPC, uma vez que a exposição de casos e investigações pode impactar negativamente a percepção da população sobre o problema.

“O combate à corrupção não pode ser tratado como um fator negativo para a avaliação de um país. O uso do IPC para embasar debates públicos pode levar a distorções, alimentando narrativas que minam a confiança nas instituições democráticas. O índice se baseia em pesquisas com grupos específicos, como empresários, e não representa a percepção geral da população”, afirmou a CGU.

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O Brasil registrou uma queda de dois pontos entre 2023 e 2024, passando de 36 para 34 pontos, o que fez o país cair da 104ª para a 107ª posição entre 180 países analisados. A melhor performance do Brasil no IPC ocorreu em 2012 e 2014, quando o país obteve 43 pontos.

A CGU destacou que, em 2024, foram realizadas 47 operações contra a corrupção, afirmando que avanços concretos não foram devidamente reconhecidos pelo levantamento da Transparência Internacional. Entre as ações mencionadas, estão a ampliação do acesso à informação pelo Portal da Transparência e o lançamento do Plano de Integridade e Combate à Corrupção 2025-2027, que inclui 260 ações estratégicas.

“Esses avanços refletem um compromisso sólido com a governança democrática, algo que o IPC não mede de forma adequada. A CGU reafirma a necessidade de um debate mais técnico e fundamentado sobre os métodos de avaliação da corrupção no Brasil e no mundo”, conclui o órgão.

A Transparência Internacional, por sua vez, alertou que o desempenho negativo do Brasil é resultado do crime organizado ter iniciado um processo de “captura” do Estado. A organização concluiu que o Brasil falhou em reverter a trajetória de desmonte do combate à corrupção nos últimos anos.

Entre os principais motivos citados para a nota baixa do Brasil no IPC estão o silêncio do presidente Lula sobre a pauta anticorrupção, a falta de transparência no Novo PAC, a percepção de ingerência política na Petrobras e a persistência de corrupção em órgãos como o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS).

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