Durante reunião em Washington, rei Abdullah II se comprometeu a acolher duas mil crianças doentes de Gaza.
12 de Fevereiro de 2025 às 08h32

Rei da Jordânia aceita receber crianças palestinas após pressão de Trump

Durante reunião em Washington, rei Abdullah II se comprometeu a acolher duas mil crianças doentes de Gaza.

O rei Abdullah II da Jordânia anunciou nesta terça-feira (11) que está preparado para receber duas mil crianças gravemente doentes provenientes de Gaza. A declaração foi feita durante uma reunião em Washington com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que pressionou o monarca a acolher a maioria dos habitantes do território palestino, estimados em cerca de 2,4 milhões de pessoas.

Trump, que elogiou a decisão do rei, descreveu-a como “um belo gesto” enquanto se encontrava ao lado de Abdullah e do príncipe herdeiro Hussein no Salão Oval da Casa Branca. O plano do presidente americano para Gaza envolve a transformação do território em uma vasta zona de desenvolvimento imobiliário sob controle dos EUA, o que gerou uma onda de indignação internacional.

Além disso, Abdullah II informou que o Egito está elaborando um plano de cooperação com os Estados Unidos, que será discutido na Arábia Saudita. “Vamos aguardar até que os egípcios possam apresentar esse plano ao presidente norte-americano”, afirmou o rei.

Durante a reunião, Trump insinuou que poderia interromper a ajuda dos EUA à Jordânia caso o país não aceitasse os palestinos deslocados, mas adotou um tom mais conciliador, afirmando que não era necessário “ameaçar” a Jordânia, pois “já passamos dessa fase”.

A trégua em Gaza, que se encontra em uma situação frágil, foi mencionada por Trump, que expressou ceticismo sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos pelo Hamas. O presidente exigiu que o movimento palestino libertasse reféns israelenses até sábado, sob pena de um “verdadeiro inferno” se instalar em Gaza.

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Após 15 meses de conflitos na região, um acordo de trégua mediado por Catar, Estados Unidos e Egito entrou em vigor em 19 de janeiro, prevendo o fim das hostilidades e a liberação de prisioneiros em troca de reféns, além do aumento da ajuda humanitária a Gaza.

A Jordânia, que é um aliado estratégico dos EUA no Oriente Médio, rejeitou anteriormente qualquer tentativa de assumir o controle dos territórios palestinos ou de deslocar seus habitantes. Trump, por sua vez, expressou o desejo de reconstruir Gaza e transformá-la na “Riviera do Oriente Médio”, após o deslocamento permanente dos palestinos.

O presidente americano solicitou que a Jordânia e o Egito acolhessem os mais de dois milhões de habitantes de Gaza que seriam deslocados, mas ambos os países árabes reiteraram sua oposição a essa proposta, defendendo uma solução de dois estados com um estado palestino independente ao lado de Israel.

Na próxima semana, o presidente egípcio Abdel Fattah al-Sissi deve visitar a Casa Branca, após pedir que Gaza seja reconstruída “sem deslocar os palestinos”. O ministro das Relações Exteriores do Egito, Badr Abdelatty, também se reuniu com o chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, em Washington, onde reafirmou a posição do Cairo de rejeitar qualquer compromisso que prejudicasse os direitos dos palestinos.

Para muitos especialistas, a questão de acolher os palestinos é particularmente sensível para a Jordânia, onde metade de seus 11 milhões de habitantes é de origem palestina. Desde a criação do Estado de Israel em 1948, muitos palestinos buscaram refúgio no país vizinho.

Um histórico conflito, conhecido como “Setembro Negro”, ocorreu em 1970 entre o exército jordaniano e grupos palestinos liderados pela Organização para a Libertação da Palestina (OLP), resultando na expulsão desses grupos do reino. A Jordânia, que recebe anualmente cerca de US$ 750 milhões em ajuda econômica dos EUA e US$ 350 milhões em ajuda militar, está ciente da pressão que Trump pode exercer sobre o país.

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