
Lula defende Galípolo e critica Campos Neto sobre taxa de juros elevada
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o atual presidente do Banco Central precisa de tempo para ajustar a Selic.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manifestou sua confiança no presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, durante uma entrevista à rádio Diário FM, de Macapá (AP), nesta quarta-feira (12). Lula afirmou que Galípolo, indicado por ele para o cargo, terá a capacidade de "consertar" a taxa de juros do Brasil, atualmente em 13,25% ao ano, mas ressaltou a necessidade de dar tempo ao novo presidente da autarquia.
“Não é possível dar um cavalo de pau em um navio como o Brasil”, disse Lula, enfatizando que ajustes na política monetária devem ser feitos com cautela. Ele reiterou que a trajetória de altas da Selic não pode ser alterada abruptamente, e que é fundamental que Galípolo trabalhe com cuidado para evitar "tombadas" na economia.
O presidente também criticou o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que ocupou o cargo até o início deste ano. Lula classificou Campos Neto como um "cidadão" que teve um "comportamento anti-Brasil" e afirmou que ele "falava mal do Brasil o tempo inteiro, passando sinal de descrédito no exterior".
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a Selic foi elevada em 1 ponto percentual, e o órgão sinalizou a possibilidade de novas altas. Lula atribui a situação atual da taxa de juros à gestão anterior e acredita que Galípolo, com o tempo, poderá reverter essa tendência.


“É preciso que ele vá com cuidado, para que a gente não dê uma tombada”, reiterou o presidente, mostrando-se otimista quanto à capacidade de Galípolo em reverter a alta dos juros e estabilizar a economia.
Além de abordar a taxa de juros, Lula também comentou sobre suas iniciativas para baratear os preços dos alimentos. Ele mencionou que tem se reunido com setores empresariais para encontrar soluções e reafirmou seu compromisso em aumentar os salários, o que, segundo ele, é essencial para garantir que a comida chegue à mesa dos trabalhadores.
O presidente destacou a importância de melhorar o crédito para a agricultura familiar, que é responsável por uma parte significativa da produção de alimentos no Brasil. “Temos que melhorar o crédito da agricultura familiar. O Brasil tem 65 milhões de propriedades de 0 a 100 hectares, e é nessas propriedades que se produz a comida que vai para a mesa”, afirmou.
Com a atual política monetária em vigor e as indicações de novas altas de juros, a expectativa é que o Copom mantenha a trajetória de elevações. Lula, no entanto, acredita que, com o tempo, Galípolo poderá implementar as mudanças necessárias para estabilizar a economia e reduzir a taxa de juros.
O presidente encerrou a entrevista reafirmando sua confiança em Galípolo, afirmando que ele é um brasileiro inteligente e capaz, e que pode se tornar um dos melhores presidentes do Banco Central na história do país.
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