Durante encontro na Fiesp, empresária pede que Banco Central não anuncie mais aumentos da Selic, em defesa das pequenas empresas.
14 de Fevereiro de 2025 às 18h18

Luiza Trajano solicita a Galípolo que BC evite comunicar novas altas de juros

Durante encontro na Fiesp, empresária pede que Banco Central não anuncie mais aumentos da Selic, em defesa das pequenas empresas.

Em um encontro realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) nesta sexta-feira, 14, a empresária Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, fez um apelo ao presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, para que a instituição não comunique mais aumentos nas taxas de juros. O evento contou com a presença de representantes de diversos setores, incluindo varejo, indústria e serviços.

O encontro teve como foco a defesa de um apoio fiscal para o controle da inflação, e os participantes expressaram confiança na capacidade de Galípolo de conduzir a inflação em direção à meta de 3% estabelecida pelo BC. As perguntas ao presidente foram feitas por escrito, mas houve um momento reservado para que os empresários pudessem se manifestar livremente.

Durante essa oportunidade, Trajano destacou as dificuldades enfrentadas pelas pequenas e médias empresas diante dos juros elevados. “A pequena e média empresa não aguenta mais sobreviver nisso [juros altos], não tem condição. É ela que gera o emprego. Eu queria pedir para ele, por favor, ter outra forma, porque essa forma não está dando certo”, afirmou Trajano.

A empresária reiterou seu pedido, solicitando que Galípolo não anuncie mais aumentos na taxa Selic, pois isso “atrapalha tudo, desde o começo”. Sua declaração reflete a preocupação de muitos empresários que veem os juros altos como um obstáculo ao crescimento e à sustentabilidade dos negócios.

O Banco Central já sinalizou um aumento de um ponto percentual na Selic para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 18 e 19 de março. Contudo, a possibilidade de aumento nas reuniões subsequentes ainda está em aberto.

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O presidente da Fiesp, Josués Gomes da Silva, abriu o evento reafirmando a confiança na autonomia de Galípolo, que está no cargo há menos de dois meses. Ele destacou que as dúvidas sobre a capacidade do BC de controlar a inflação foram dissipadas.

Durante a reunião, também foi enfatizada a necessidade de apoio do governo, do Congresso e do Judiciário para que o Banco Central possa realizar seu trabalho sem a necessidade de aumentar os juros de forma acentuada. Isaac Sidney, presidente da Febraban, a federação dos bancos, alertou que o Brasil precisa sair da armadilha fiscal e pediu um orçamento mais equilibrado.

Sidney expressou sua confiança na capacidade de Galípolo, mas destacou que o BC enfrenta desafios significativos na condução da política monetária, muitas vezes sozinho. Ele apontou problemas estruturais, como a indexação e a vinculação dos gastos públicos, que tornam a situação fiscal insustentável.

“Não podemos simplesmente nos acomodar. É importante que tenhamos menos indexação dos gastos públicos, menos vinculação no salário mínimo, e que possamos ter tetos de crescimento das despesas compatíveis com uma trajetória da dívida pública que possa se estabilizar”, afirmou Sidney.

Ele acrescentou que, se não forem feitas essas mudanças, o Banco Central continuará a operar de forma solitária, enfrentando grandes dificuldades para manter a inflação dentro da meta.

Ao final da reunião, Josués Gomes da Silva reforçou o apoio dos setores empresariais ao trabalho do Banco Central, afirmando que a colaboração de todos é essencial para o sucesso das iniciativas de controle da inflação.

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