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Prefeito de Maricá denuncia Anielle Franco por suposto funcionário fantasma
Washington Quaquá, vice-presidente do PT, alega irregularidades e ministra nega acusações em meio a conflitos internos
O prefeito de Maricá, Washington Quaquá, que também é vice-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), anunciou que levará ao Conselho de Ética do partido uma denúncia contra a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Ele alega que a ministra estaria envolvida na indicação de um suposto funcionário fantasma, que teria atuado em um órgão ligado à prefeitura durante a gestão anterior.
Quaquá, que é ex-deputado federal, afirmou ter encontrado indícios de que Anielle teria responsabilidade pela contratação de Alex da Mata Barros, que foi admitido na autarquia Serviços de Obras de Maricá (Somar) em junho de 2021 e também atuou como consultor no Ministério da Igualdade Racial. O prefeito sustenta que Barros não teria exercido suas funções de forma regular no município.
A ministra Anielle Franco, por sua vez, negou as acusações e afirmou que está sendo alvo de perseguição política por parte de Quaquá, que também é um dos líderes do PT. Em nota, o ministério esclareceu que a consultoria prestada por Barros foi realizada dentro dos trâmites legais e com recursos de cooperação internacional, conforme os padrões exigidos pelo Governo Federal.
“A consultoria é financiada com recursos de cooperação internacional, seguindo os parâmetros legais do padrão de apoio institucional do Governo Federal”, diz um trecho da nota oficial. Anielle enfatizou que não tolerará tentativas de desinformação e fake news, prometendo responder a essas acusações com medidas cabíveis.
A denúncia de Quaquá surge em meio a um embate interno no PT, que já se intensificou desde janeiro, quando Anielle acionou o Conselho de Ética do partido contra o prefeito, após ele ter defendido a inocência de Chiquinho Brazão, deputado preso sob suspeita de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco, irmã de Anielle.
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Em declarações à imprensa, Quaquá criticou a postura de Anielle, afirmando que “na esquerda e na direita essa gente virou santo de bordel”, sugerindo que as ações políticas têm afetado a credibilidade do partido. Ele confirmou que apresentará todos os indícios que possui ao Conselho de Ética do PT nesta semana.
O ex-assessor Alex da Mata Barros, mencionado na denúncia, foi contratado como consultor do Projeto Gente Negra “Reconstrução e Desenvolvimento” em maio de 2024, enquanto ainda ocupava um cargo na prefeitura. A situação gerou uma série de questionamentos sobre a legalidade de sua atuação simultânea em ambos os órgãos.
A ministra Anielle, que se tornou uma figura proeminente no governo atual, reiterou que a contratação de Barros seguiu todos os critérios estabelecidos pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (Banco CAF), e que não houve qualquer irregularidade em sua nomeação.
O clima de tensão entre os dois líderes do PT reflete um cenário de divisões internas no partido, onde a lealdade e as alianças políticas estão sendo testadas. A situação promete ser um dos principais tópicos nas próximas reuniões do diretório nacional da sigla.
O desdobramento deste caso poderá impactar não apenas a relação entre Quaquá e Anielle, mas também a dinâmica interna do PT, que enfrenta desafios para manter a unidade em um momento de crescente polarização política.
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