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Mauro Cid pede perdão judicial e segurança em troca de delação sobre golpe
Tenente-coronel solicita benefícios para a família e promete revelar episódios envolvendo Jair Bolsonaro e o plano de golpe.
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), firmou um acordo de colaboração premiada que inclui 25 cláusulas detalhando suas obrigações e os benefícios que espera receber da Polícia Federal em troca de informações sobre diversos episódios que envolvem o ex-presidente.
O acordo, homologado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, foi revelado ao público após o levantamento do sigilo do documento, ocorrido em 19 de fevereiro de 2023. Cid atuou como assistente pessoal de Bolsonaro entre 2018 e 2022, o que lhe proporcionou acesso a informações privilegiadas e reuniões confidenciais.
Entre os principais pontos do acordo, Mauro Cid solicitou:
- Perdão judicial ou uma pena privativa de liberdade de no máximo dois anos;
- Restituição de bens e valores que foram apreendidos;
- Extensão dos benefícios do acordo para seu pai, esposa e filha;
- Medidas de segurança para ele e seus familiares.
O tenente-coronel comprometeu-se a “falar a verdade incondicionalmente”, devendo esclarecer todos os crimes dos quais teve conhecimento ou participou. O acordo exige que ele forneça informações e evidências que estejam ao seu alcance, incluindo documentos, anotações e gravações.
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Entre os episódios que Cid se comprometeu a delatar estão:
- Ataques virtuais a opositores;
- Ataques às instituições, como o STF e o TSE, e ao sistema eleitoral;
- Tentativas de golpe de Estado;
- Desvio de joias recebidas pelo governo;
- Uso indevido de recursos públicos e falsificação de documentos.
A colaboração de Cid é considerada crucial para as investigações em curso, especialmente após a Procuradoria-Geral da República (PGR) ter denunciado Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas por envolvimento em um suposto golpe de Estado e organização criminosa.
O conteúdo do acordo de delação indica a relevância das informações que Cid pode fornecer, além de ressaltar o risco à sua segurança pessoal. O tenente-coronel, que já prestou depoimento à Polícia Federal sobre diversas investigações relacionadas ao ex-presidente, pode ser uma peça-chave na elucidação dos fatos que envolvem o governo Bolsonaro.
A expectativa agora recai sobre a Justiça, que deverá avaliar os pedidos de Cid e decidir sobre a concessão dos benefícios solicitados. A delação pode ter um impacto significativo nas investigações e nas futuras ações judiciais contra os envolvidos.
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