Com promessas de revitalização econômica e combate ao crime, Orsi assume até 2030
02 de Março de 2025 às 09h32

Yamandú Orsi é empossado como presidente do Uruguai, marcando retorno da esquerda

Com promessas de revitalização econômica e combate ao crime, Orsi assume até 2030

Yamandú Orsi tomou posse neste sábado como presidente do Uruguai, marcando o retorno da esquerda ao poder após cinco anos de governo da centro-direita. Orsi, de 57 anos, sucede Luis Lacalle Pou e governará o país até 2030. O Uruguai, com uma população de 3,4 milhões de habitantes, celebra quatro décadas de democracia ininterrupta.

Em seu discurso inaugural, Orsi destacou que “a boa saúde da democracia está intimamente ligada à conquista de certos padrões de bem-estar”. Ele expressou gratidão a seus antecessores e se comprometeu a respeitar as regras econômicas que têm sustentado o país desde o retorno à democracia, além de prometer lutar contra o crime ao abordar suas causas e desenvolver estratégias com foco sustentável e humano.

Orsi é o nono presidente do Uruguai desde 1985, quando a ditadura de 13 anos chegou ao fim, resultando em cerca de 200 desaparecidos. “Há sequelas desse período até hoje, por isso é tão justo quanto imprescindível manter intacto o compromisso com a liberdade, verdade e justiça”, afirmou.

Após seu discurso no Parlamento, Orsi se dirigiu à Praça Independência, onde recebeu a faixa presidencial das mãos de Lacalle Pou. O ex-presidente José Mujica, aos 89 anos e enfrentando um câncer irreversível, assistiu à posse de seu discípulo, acompanhado por outros ex-presidentes, como Luis Alberto Lacalle Herrera e Julio Sanguinetti. A cerimônia também contou com a presença de delegados de mais de 60 países, incluindo o presidente brasileiro e o rei da Espanha.

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Orsi é o terceiro presidente de esquerda em quase dois séculos de história do Uruguai independente, sucedendo seu mentor, o ex-guerrilheiro Mujica, e o oncologista Tabaré Vázquez. No entanto, ele enfrentará um Parlamento dividido, com seu partido, a Frente Ampla, controlando apenas o Senado, enquanto políticos antissistema dominam a Câmara dos Deputados.

No âmbito econômico, Orsi terá o desafio de impulsionar o crescimento, que o FMI estima em 3% para este ano, ao mesmo tempo em que precisa atender às demandas sociais sem aumentar o déficit fiscal, que fechou 2024 em -4,1% do PIB.

Outro desafio significativo será o combate à criminalidade, que está fortemente ligada ao tráfico de drogas. De acordo com uma pesquisa da Equipos Consultores, a insegurança é vista como o principal problema pelos uruguaios, com 37% citando-a, seguida pelo desemprego, mencionado por 17% da população.

Atualmente, a taxa de homicídios no Uruguai é de 10,5 por 100.000 habitantes, e a população carcerária é de 445 presos por 100.000 habitantes, a mais alta da América do Sul e a décima maior do mundo.

Para um país agrícola como o Uruguai, que faz fronteira com Argentina e Brasil, as relações internacionais são cruciais para o acesso ao mercado. Orsi precisará encontrar um equilíbrio em um cenário regional marcado por questionamentos sobre o Mercosul e um mundo polarizado.

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