
China promete resistir à guerra comercial dos EUA e intensifica medidas de retaliação
Com a escalada das tarifas impostas por Trump, Pequim se prepara para um confronto econômico prolongado com os Estados Unidos.
A China reafirmou sua disposição de lutar contra a guerra comercial com os Estados Unidos "até o fim", em resposta ao recente aumento das tarifas sobre produtos chineses, que passaram de 10% para 20%. O presidente dos EUA, Donald Trump, justificou a medida citando preocupações de segurança nacional e a necessidade de conter o fluxo de fentanil, um opioide que tem causado uma epidemia nos Estados Unidos.
O Ministério das Relações Exteriores da China, através de seu porta-voz, advertiu que a insistência dos EUA em uma "guerra tarifária, comercial ou qualquer outra" não intimidará o país. "Se os Estados Unidos continuarem nesse caminho errado, nós lutaremos até o fim", declarou, criticando o que classificou como "unilateralismo e bullying" por parte de Washington.
As tarifas impostas por Trump têm um impacto significativo na economia global, gerando incertezas e ameaçando o crescimento econômico da China, que já enfrenta desafios internos, como a desaceleração do consumo e uma crise de dívida no setor imobiliário. Para contornar essas dificuldades, Pequim estabeleceu uma meta de crescimento anual de cerca de 5%, buscando estimular a demanda interna como motor principal da economia.
O ministro do Comércio da China, Wang Wentao, alertou que as tarifas dos EUA poderiam "desestabilizar a cadeia de suprimentos industrial global e prejudicar o desenvolvimento da economia mundial". Ele enfatizou que a China possui "total confiança" em sua capacidade de atingir suas metas de crescimento, apesar das dificuldades enfrentadas.
Em resposta às tarifas de Trump, a China anunciou a imposição de tarifas retaliatórias que variam de 10% a 15% sobre uma série de produtos agrícolas dos EUA, incluindo soja, carne suína e trigo, a partir da próxima semana. Essas medidas visam não apenas retaliar, mas também proteger a economia chinesa de um impacto maior.


A situação atual é considerada mais delicada do que em guerras comerciais anteriores, uma vez que a economia chinesa está mais vulnerável devido a anos de interrupções causadas pela pandemia e uma recuperação econômica lenta. O governo chinês está, portanto, explorando alternativas para retaliar, como restringir exportações de minerais críticos essenciais para a indústria tecnológica dos EUA.
Embora as autoridades chinesas tenham enfatizado a necessidade de estabilidade econômica, a retórica de guerra comercial tem se intensificado. O primeiro-ministro Li Qiang anunciou um aumento de 7,2% nos gastos militares, além de investimentos em setores de alta tecnologia, refletindo a determinação de Pequim em se preparar para um confronto prolongado.
Analistas observam que, apesar das ameaças de retaliação, a China tem mais a perder em uma guerra tarifária direta, dado que os EUA compram muito mais produtos chineses do que o contrário. Isso limita a eficácia das tarifas como uma ferramenta de pressão econômica. A estratégia chinesa parece se concentrar em fortalecer parcerias comerciais com países não ocidentais, buscando reduzir a dependência do mercado americano.
Enquanto isso, Trump continua a pressionar por mudanças estruturais na economia chinesa, acreditando que sua postura agressiva pode forçar Pequim a ceder. A administração dos EUA está considerando medidas adicionais para restringir investimentos chineses e limitar as operações de empresas americanas na China, visando uma reestruturação mais ampla do sistema comercial global.
A guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo se intensifica, com cada lado se preparando para um confronto que pode ter repercussões significativas para o comércio internacional e a economia global nos próximos anos.
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