O chanceler do Suriname assume a liderança da OEA após uma década de influência de Washington
10 de Março de 2025 às 19h03

Albert Ramdin é eleito secretário-geral da OEA em meio a mudanças políticas na região

O chanceler do Suriname assume a liderança da OEA após uma década de influência de Washington

O chanceler do Suriname, Albert Ramdin, foi eleito nesta segunda-feira (10) como o novo secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA). A votação ocorreu durante uma assembleia geral extraordinária em Washington, onde Ramdin se tornou o primeiro caribenho a ocupar o cargo.

A escolha de Ramdin foi feita por aclamação, após a desistência do chanceler paraguaio Rubén Ramírez, que se retirou da disputa devido a mudanças inesperadas no apoio de países aliados, conforme relatou o presidente paraguaio, Santiago Peña. A delegação da Dominica e o Peru foram os principais apoiadores da aclamação, destacando a singularidade da candidatura de Ramdin.

Com 67 anos, Ramdin traz uma vasta experiência para o cargo, tendo atuado como secretário-adjunto da OEA entre 2005 e 2015. Sua trajetória diplomática o ajudou a conquistar o apoio necessário para a eleição, que foi marcada por aplausos e celebrações entre os representantes dos 34 países membros.

A nova liderança de Ramdin se dá em um contexto de desafios significativos. Ele assume a OEA em um momento em que a organização enfrenta críticas por sua inércia e problemas financeiros, além de um ambiente político conturbado, especialmente com a recente mudança de governo nos Estados Unidos, onde o republicano Donald Trump retornou à Casa Branca.

Ramdin terá a responsabilidade de lidar com crises regionais complexas, como a situação na Nicarágua, que se retirou da OEA, e a ausência de países como Venezuela e Cuba na organização. Além disso, a influência crescente da China, que atua como observadora, também será um fator a ser considerado em sua gestão.

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O novo secretário-geral se comprometeu a promover uma OEA mais ativa e relevante, enfatizando a importância de abordar questões como direitos humanos, segurança, desenvolvimento e defesa da democracia no continente. Recentemente, ele afirmou que “a OEA tem um papel significativo, relevante e útil a desempenhar” nas crises que afetam a região.

Ramdin também se manifestou sobre a necessidade de evitar que a OEA se envolva em disputas geopolíticas globais, priorizando a paz e a estabilidade no continente. “Não queremos nos enredar em uma situação geopolítica global, mas sim garantir que o continente permaneça pacífico, livre de guerras e conflitos”, destacou.

Nos últimos anos, a OEA enfrentou divergências sobre como abordar crises globais e regionais, com alguns países optando por uma postura mais neutra. A eleição de Ramdin é vista como um passo em direção a uma nova fase para a organização, que busca se distanciar da influência direta de Washington e de agendas políticas polarizadoras.

A OEA, criada em 1948, tem como objetivo promover a cooperação entre os países das Américas e desenvolver uma agenda comum que aborde questões cruciais para a região. A liderança de Ramdin será observada de perto, especialmente em relação a sua capacidade de unir os países membros em torno de soluções para os desafios enfrentados.

Com a eleição de Albert Ramdin, a OEA inicia um novo capítulo, em busca de um equilíbrio entre as diversas vozes e interesses que compõem o continente americano.

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