
Netanyahu busca demitir chefe do Shin Bet após crise de segurança em Israel
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, planeja destituir Ronen Bar em meio a tensões políticas e investigações sobre segurança.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou no último domingo (16) que pretende apresentar uma proposta para demitir Ronen Bar, diretor do Shin Bet, a agência de inteligência e segurança interna do país. A decisão ocorre em um contexto de crescente tensão política e críticas à gestão da segurança em Israel, especialmente após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de mais de 1.200 pessoas.
A crise se agravou quando o Shin Bet divulgou uma avaliação sobre as falhas de segurança que permitiram o ataque, assumindo parte da responsabilidade, mas também apontando o financiamento do Hamas pelo Qatar como um fator relevante. Netanyahu, que já vinha planejando a destituição de Bar há meses, justificou sua decisão alegando uma perda de confiança no diretor da agência.
“Em tempos de guerra, é essencial que haja total confiança entre o primeiro-ministro e o diretor do Shin Bet”, afirmou Netanyahu em um vídeo divulgado nas redes sociais. Ele acrescentou que a situação atual é oposta a essa confiança, o que motivou sua intenção de demitir Bar.
Por sua vez, Ronen Bar reagiu à iminente demissão, acusando Netanyahu de tentar impor uma “expectativa ilegítima de lealdade” e defendendo os resultados da investigação sobre o ataque de outubro. Bar enfatizou que a lealdade do Shin Bet deve ser direcionada aos cidadãos israelenses, e não a interesses pessoais do primeiro-ministro.
A procuradora-geral de Israel, Gali Baharav-Miara, também se manifestou sobre a questão, alertando que qualquer decisão sobre a demissão de Bar deve ser consultada previamente com seu departamento, o que não ocorreu até o momento. Essa situação levanta preocupações sobre a legalidade da ação proposta por Netanyahu.


Bar, que lidera o Shin Bet desde 2021, expressou a intenção de permanecer no cargo até que todos os reféns sequestrados pelo Hamas sejam devolvidos a Israel e que investigações sensíveis sejam concluídas. Sua demissão, caso ocorra, poderá ser contestada na Suprema Corte, o que adiciona mais complexidade ao cenário político atual.
Além disso, membros da coalizão ultrarreligiosa de extrema direita que apoia o governo de Netanyahu têm pressionado pela demissão de Bar, alegando que ele desvalorizou o primeiro-ministro. Essa pressão política intensifica a já conturbada relação entre o governo e as agências de segurança do país.
A situação é ainda mais complicada pelo fato de que, nos últimos meses, outros líderes de segurança que frequentemente entraram em conflito com Netanyahu também foram afastados, aumentando as preocupações sobre a escolha de um sucessor para Bar que atenda a interesses políticos e de lealdade pessoal.
Recentemente, o Shin Bet publicou um resumo de sua investigação sobre as falhas que levaram ao ataque de outubro, reconhecendo que não conseguiu emitir alertas adequados. O relatório também criticou as políticas do governo de Netanyahu, sugerindo que elas contribuíram para a vulnerabilidade do país diante de ameaças externas.
A demissão de Ronen Bar, portanto, não é apenas uma questão de segurança interna, mas também um reflexo das tensões políticas em Israel, onde a confiança nas instituições de segurança é fundamental para a estabilidade do governo e a proteção da população.
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