
ONU denuncia Israel por genocídio e violência sexual contra palestinos em Gaza
Relatório da ONU aponta ações de Israel que configuram atos genocidas e violências sistemáticas em Gaza.
Nesta quinta-feira (13), a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um relatório que acusa Israel de realizar “atos genocidas” contra a população palestina em Gaza. O documento destaca a destruição de instalações de saúde sexual e reprodutiva, além de alegações de violência sexual sistemática contra mulheres palestinas como parte da estratégia de guerra.
Segundo a Comissão Internacional Independente de Inquérito da ONU, Israel teria, intencionalmente, barrado a entrada de medicamentos essenciais para gravidez e cuidados neonatais no principal centro de fertilidade da região. Essas ações, conforme o relatório, contribuem para o aumento de mortes de mulheres em maternidades, sendo consideradas crimes contra a humanidade.
O relatório também menciona que as Forças de Defesa de Israel (FDI) teriam utilizado a violência sexual como um método operacional desde o início do conflito em 2023. Relatos de mulheres palestinas indicam que elas foram forçadas a ficar nuas em locais públicos e sofreram agressões sexuais e de gênero.
Em resposta às acusações, Israel negou veementemente as alegações, afirmando que “rejeita categoricamente as acusações infundadas” e que as FDI possuem diretrizes que proíbem tais condutas. O governo israelense acusou a ONU de ter uma “agenda política tendenciosa” e de tentar incriminar suas forças armadas.


Chris Sidoti, membro da comissão da ONU, afirmou que o relatório conclui que Israel tem utilizado a violência sexual e reprodutiva como parte de uma estratégia mais ampla para minar os direitos dos palestinos à autodeterminação. O documento também detalha uma série de violações cometidas contra homens, mulheres, meninas e meninos palestinos.
A comissão não acusou formalmente Israel de genocídio, embora alguns grupos de defesa dos direitos humanos tenham feito essa afirmação. O governo israelense, que se formou após o Holocausto, refuta qualquer comparação com genocídios históricos e nega as alegações de atos sistemáticos de violência.
O conflito, que teve início após um ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, resultou na morte de mais de 48 mil palestinos, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza. As autoridades israelenses, por sua vez, afirmam que muitos dos mortos são combatentes e que o Hamas utiliza áreas civis para suas operações.
O relatório da ONU poderá servir como base para ações judiciais no Tribunal Penal Internacional (TPI), que já emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por supostos crimes de guerra, o que ambos negam.
Enquanto isso, as negociações para um cessar-fogo e a troca de prisioneiros continuam, mas ainda não há avanços significativos. A situação em Gaza permanece crítica, com a entrada de ajuda humanitária severamente restringida e a evacuação de doentes sendo realizada com dificuldades.
Veja também: