A designação incorreta foi percebida após mais de 30 anos e gera discussão sobre a memória do deputado.
12 de Março de 2025 às 18h02

Erro em nome de rua no Paraná homenageia Rubens Paiva como 'Marechal'

A designação incorreta foi percebida após mais de 30 anos e gera discussão sobre a memória do deputado.

Uma rua localizada em Francisco Beltrão, no sudoeste do Paraná, foi nomeada de forma equivocada como “Marechal Rubens Paiva”, em homenagem ao ex-deputado federal Rubens Paiva, que foi cassado, preso e assassinado durante a ditadura militar no Brasil. O erro, que passou despercebido por mais de 30 anos, levanta questões sobre a correta memória histórica do parlamentar.

O topógrafo Edio Riedi, responsável por protocolar o pedido de nomeação da rua nos anos 90, explicou que o objetivo era prestar uma homenagem ao deputado. Segundo ele, a denominação foi aprovada por secretários e pela prefeitura da época, mas o termo “Marechal” foi erroneamente incluído no nome da via.

“Só que eu acho que na compilação colocaram esse 'Marechal' na frente e eu não entendi o porquê. Só agora, 35 anos depois, que eu soube que tinha esse 'marechal' na frente”, afirmou Edio.

A rua em questão, situada no bairro Novo Mundo, também possui outras vias com nomes de personalidades como Vinícius de Moraes e José do Patrocínio. O equívoco na nomenclatura foi trazido à tona recentemente, em parte devido à repercussão do filme “Ainda Estou Aqui”, que retrata a história de Rubens Paiva e conquistou o primeiro Oscar® da história do Brasil na categoria de melhor filme internacional.

Atualmente, existem pelo menos oito endereços no Brasil que homenageiam Rubens Paiva, segundo dados dos Correios. A confusão sobre a denominação da rua de Francisco Beltrão foi amplamente discutida após uma reportagem que destacou o erro, levando Edio a solicitar a correção do nome para “Rubens Paiva”, sem a inclusão do título militar.

O título de 'Marechal' é uma patente militar que, tradicionalmente, é concedida a generais em situações de guerra, o que torna a designação ainda mais inadequada, considerando que Rubens Paiva era um político e engenheiro, sem qualquer vínculo com as Forças Armadas.

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A prefeitura de Francisco Beltrão informou que o departamento jurídico está avaliando a necessidade de um projeto para corrigir a denominação, o qual deverá ser aprovado pela câmara de vereadores. No entanto, não foi divulgado um prazo para a implementação das mudanças.

O caso de Rubens Paiva é emblemático na história do Brasil, especialmente no contexto das violações de direitos humanos durante a ditadura militar, que ocorreu entre 1964 e 1985. O processo que investiga sua morte está atualmente em análise no Supremo Tribunal Federal (STF), que decidirá se crimes classificados como “grave violação de direitos humanos” podem ser excluídos da Lei da Anistia.

As ações que buscam responsabilizar os envolvidos na morte de Rubens Paiva foram retomadas após o Ministério Público Federal (MPF) recorrer de decisões que arquivaram os processos, alegando que os crimes têm natureza permanente e não devem ser abrangidos pela lei.

Se o STF decidir a favor do MPF, os processos poderão prosseguir nas instâncias inferiores, possibilitando que as investigações sobre a morte de Rubens Paiva e de outras vítimas da ditadura militar sejam reabertas.

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