Presidente Lula usa expressão misógina ao justificar escolha da ministra para relações com o Congresso
12 de Março de 2025 às 17h21

Gleisi Hoffmann é chamada de 'mulher bonita' por Lula em fala machista

Presidente Lula usa expressão misógina ao justificar escolha da ministra para relações com o Congresso

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) gerou polêmica nesta quarta-feira (12) ao afirmar que escolheu uma “mulher bonita” para ocupar a Secretaria de Relações Institucionais, referindo-se à ministra Gleisi Hoffmann. A declaração foi feita durante um evento no Palácio do Planalto, onde Lula buscava justificar sua estratégia de aproximação com o Congresso Nacional.

“O que a gente quer é facilitar que vocês tenham acesso ao crédito. Acho muito importante trazer aqui o presidente da Câmara e do Senado, porque uma coisa que eu quero mudar é estabelecer a relação com vocês, por isso eu coloquei essa mulher bonita para ser ministra das Relações Institucionais, é que eu não quero mais ter distância de vocês”, disse Lula, em um tom que muitos consideraram depreciativo.

A escolha de Gleisi Hoffmann, deputada federal pelo Paraná e figura proeminente do Partido dos Trabalhadores, ocorreu em um contexto de reforma administrativa, onde Lula busca fortalecer suas relações com o Legislativo. No entanto, a maneira como o presidente se referiu à ministra levantou críticas sobre a objetificação das mulheres na política.

Durante a cerimônia, que também marcou o lançamento de uma nova linha de crédito consignado, Lula enfatizou a importância de uma relação mais próxima entre o Executivo e o Legislativo. “Não quero que alguém ache que o presidente está distante do presidente da Câmara, está distante do presidente do Senado. Temos que mostrar para a sociedade que nós somos, em lugares diferentes, pessoas com o mesmo compromisso de defender a soberania do país”, acrescentou.

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A declaração de Lula foi recebida com reações mistas, especialmente entre as mulheres na política e ativistas de direitos humanos, que viram a fala como um retrocesso nas discussões sobre igualdade de gênero. Gleisi, que assumiu o cargo na última segunda-feira (10), já enfrentou desafios em sua trajetória política e é conhecida por sua atuação firme em questões de direitos das mulheres e políticas sociais.

O evento também contou com a presença dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), ambos alvos da estratégia de Lula para estreitar laços com o Congresso. A escolha de Gleisi, no entanto, foi criticada por alguns setores que defendiam a indicação de um nome mais conciliador, dada a complexidade do cenário político atual.

Além da controvérsia em torno da expressão utilizada por Lula, a nomeação de Gleisi Hoffmann também gerou divisões dentro do próprio Partido dos Trabalhadores. Enquanto alguns veem sua escolha como um fortalecimento do controle interno, outros acreditam que ela pode dificultar alianças necessárias para as eleições de 2026.

O presidente ainda fez comentários sobre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sugerindo que ele deveria demonstrar mais carisma em suas aparições públicas. “Queria falar isso porque tenho a felicidade de ter o companheiro Haddad como ministro da Fazenda, um companheiro que nem sempre é o mais feliz quando pega o microfone”, disse Lula, em tom descontraído.

Por fim, a fala de Lula sobre a escolha de Gleisi Hoffmann como “mulher bonita” reflete não apenas uma estratégia política, mas também um desafio contínuo na luta contra a misoginia e a objetificação das mulheres na política brasileira. A expectativa agora é como essa situação será abordada nas próximas semanas, tanto pelo governo quanto pela sociedade.

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