
Bolsonaro convoca manifestação no Rio antes de julgamento por golpe de Estado
Ex-presidente espera reunir 'um milhão' de apoiadores em Copacabana para pedir anistia a condenados pelos atos de 8 de janeiro
Diante de um iminente julgamento por tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro convocou seus seguidores para uma manifestação neste domingo (16) na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. O evento tem como objetivo reafirmar sua posição como líder da oposição, especialmente com as eleições de 2026 se aproximando.
No vídeo divulgado em suas redes sociais, Bolsonaro declarou: “Vamos dar um recado para o Brasil e para o mundo”. Ele espera que cerca de “um milhão” de manifestantes compareçam ao ato, que está programado para começar às 10h. O lema da manifestação é a solicitação de uma “anistia” para aqueles condenados por envolvimento nos distúrbios ocorridos em 8 de janeiro de 2023 em Brasília.
Naquela data, milhares de apoiadores de Bolsonaro invadiram e vandalizaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a sede do Supremo Tribunal Federal (STF), em um protesto que ocorreu uma semana após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante a ausência de Bolsonaro, que estava nos Estados Unidos, seus simpatizantes chegaram a clamar por uma intervenção militar para destituir Lula, que o derrotou nas eleições de 2022.
Os eventos de 8 de janeiro são uma das principais razões que levaram a Procuradoria-Geral da República (PGR) a acusar o ex-presidente em fevereiro por um suposto plano de golpe de Estado, com o intuito de permanecer no poder. Ele é acusado de liderar uma “organização criminosa” que teria conspirado por meses e pode enfrentar uma pena acumulada superior a 40 anos de prisão.
Na última quinta-feira, a PGR rejeitou os argumentos da defesa de Bolsonaro, que alegava que o STF não teria competência para julgá-lo, juntamente com outras 33 pessoas, incluindo ex-ministros e comandantes militares. A próxima etapa do processo ocorrerá em 25 de março, quando o STF avaliará se há elementos suficientes para iniciar um julgamento.


Bolsonaro, que tem 69 anos, afirma ser vítima de uma “perseguição” política que visa impedir sua candidatura nas eleições presidenciais de 2026. Ele foi declarado inelegível até 2030 por questionar a confiabilidade do sistema de urnas eletrônicas do Brasil, mas espera que essa condenação seja anulada ou que a pena seja reduzida, permitindo sua candidatura a um segundo mandato.
“Por enquanto, sou candidato”, reiterou o ex-presidente em uma declaração recente. “Por que eu teria que abrir mão do meu capital político para apoiar alguém?”, questionou, demonstrando sua determinação em manter-se relevante no cenário político.
Bolsonaro também sonha em seguir o exemplo de Donald Trump, que retornou à Casa Branca apesar de enfrentar problemas judiciais, e espera que o presidente americano, de quem é grande admirador, exerça “influência” em seu favor.
A incerteza política não afeta apenas Bolsonaro, mas também a esquerda. O presidente Lula, de 79 anos, enfrenta uma popularidade em declínio, especialmente devido à inflação. Ele mantém um discurso ambíguo sobre suas intenções de buscar a reeleição.
Além disso, Lula continua a criticar Bolsonaro, chamando-o de “covarde” por ter supostamente planejado um golpe de Estado antes de “fugir” para os Estados Unidos no final de 2022. Em um discurso recente, Lula enfatizou a necessidade de defender a democracia “todos os dias contra aqueles que ainda planejam a volta do autoritarismo”, em referência ao 40º aniversário do fim da última ditadura militar no Brasil, um período que Bolsonaro frequentemente evoca com nostalgia.
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