Ex-presidente espera reunir 'um milhão' de apoiadores em Copacabana para pedir anistia a condenados pelos atos de 8 de janeiro
16 de Março de 2025 às 13h18

Bolsonaro convoca manifestação no Rio antes de julgamento por golpe de Estado

Ex-presidente espera reunir 'um milhão' de apoiadores em Copacabana para pedir anistia a condenados pelos atos de 8 de janeiro

Diante de um iminente julgamento por tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro convocou seus seguidores para uma manifestação neste domingo (16) na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. O evento tem como objetivo reafirmar sua posição como líder da oposição, especialmente com as eleições de 2026 se aproximando.

No vídeo divulgado em suas redes sociais, Bolsonaro declarou: “Vamos dar um recado para o Brasil e para o mundo”. Ele espera que cerca de “um milhão” de manifestantes compareçam ao ato, que está programado para começar às 10h. O lema da manifestação é a solicitação de uma “anistia” para aqueles condenados por envolvimento nos distúrbios ocorridos em 8 de janeiro de 2023 em Brasília.

Naquela data, milhares de apoiadores de Bolsonaro invadiram e vandalizaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a sede do Supremo Tribunal Federal (STF), em um protesto que ocorreu uma semana após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante a ausência de Bolsonaro, que estava nos Estados Unidos, seus simpatizantes chegaram a clamar por uma intervenção militar para destituir Lula, que o derrotou nas eleições de 2022.

Os eventos de 8 de janeiro são uma das principais razões que levaram a Procuradoria-Geral da República (PGR) a acusar o ex-presidente em fevereiro por um suposto plano de golpe de Estado, com o intuito de permanecer no poder. Ele é acusado de liderar uma “organização criminosa” que teria conspirado por meses e pode enfrentar uma pena acumulada superior a 40 anos de prisão.

Na última quinta-feira, a PGR rejeitou os argumentos da defesa de Bolsonaro, que alegava que o STF não teria competência para julgá-lo, juntamente com outras 33 pessoas, incluindo ex-ministros e comandantes militares. A próxima etapa do processo ocorrerá em 25 de março, quando o STF avaliará se há elementos suficientes para iniciar um julgamento.

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Bolsonaro, que tem 69 anos, afirma ser vítima de uma “perseguição” política que visa impedir sua candidatura nas eleições presidenciais de 2026. Ele foi declarado inelegível até 2030 por questionar a confiabilidade do sistema de urnas eletrônicas do Brasil, mas espera que essa condenação seja anulada ou que a pena seja reduzida, permitindo sua candidatura a um segundo mandato.

“Por enquanto, sou candidato”, reiterou o ex-presidente em uma declaração recente. “Por que eu teria que abrir mão do meu capital político para apoiar alguém?”, questionou, demonstrando sua determinação em manter-se relevante no cenário político.

Bolsonaro também sonha em seguir o exemplo de Donald Trump, que retornou à Casa Branca apesar de enfrentar problemas judiciais, e espera que o presidente americano, de quem é grande admirador, exerça “influência” em seu favor.

A incerteza política não afeta apenas Bolsonaro, mas também a esquerda. O presidente Lula, de 79 anos, enfrenta uma popularidade em declínio, especialmente devido à inflação. Ele mantém um discurso ambíguo sobre suas intenções de buscar a reeleição.

Além disso, Lula continua a criticar Bolsonaro, chamando-o de “covarde” por ter supostamente planejado um golpe de Estado antes de “fugir” para os Estados Unidos no final de 2022. Em um discurso recente, Lula enfatizou a necessidade de defender a democracia “todos os dias contra aqueles que ainda planejam a volta do autoritarismo”, em referência ao 40º aniversário do fim da última ditadura militar no Brasil, um período que Bolsonaro frequentemente evoca com nostalgia.

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