
Marina Silva critica declaração de senador sobre enforcamento e fala de violência
Ministra do Meio Ambiente classifica fala de Plínio Valério como incitação à violência contra mulher.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, reagiu com indignação às declarações do senador Plínio Valério (PSDB-AM), que insinuou que seria difícil conversar com a ministra por seis horas sem enforcá-la. A crítica foi feita durante o programa Bom Dia, Ministra, transmitido nesta quarta-feira (19).
Marina destacou que a fala do senador representa uma grave incitação à violência contra as mulheres. “Isso é dito porque sou uma mulher, uma mulher preta, de origem humilde, que defende uma agenda que muitas vezes confronta interesses de alguns”, afirmou a ministra, referindo-se ao contexto de sua luta política.
O senador Plínio Valério fez a declaração em um evento da Federação do Comércio do Estado do Amazonas (Fecomércio AM), na última sexta-feira (15). Ele disse que “seria difícil suportar a ministra por seis horas e dez minutos sem enforcá-la”, referindo-se a uma audiência em que Marina participou na Comissão de ONGs.
“A Marina esteve na CPI das ONGs por seis horas e dez minutos. Imagine o que é tolerar a Marina seis horas e dez minutos sem enforcá-la”, declarou Valério, provocando a reação imediata da ministra.


Marina Silva enfatizou que não se pode brincar com a vida das pessoas e que tais comentários são inaceitáveis. “Com a vida dos outros não se brinca. Quem faz ameaças rindo, tratando isso como algo trivial, só os psicopatas são capazes”, disse a ministra, reforçando a seriedade da situação.
A ministra também comentou que o tom de brincadeira adotado pelo senador é um reflexo da violência política de gênero que as mulheres enfrentam. “Dificilmente talvez isso fosse dito se o debate fosse com um homem. É dito porque é com uma mulher, uma mulher preta, de origem humilde e uma mulher que tem uma agenda que, em muitos momentos, confronta os interesses de alguns”, declarou.
Além de criticar a declaração de Valério, Marina Silva lembrou que a violência política de gênero é uma questão séria e que deve ser discutida abertamente. “Se uma mulher que consegue se tornar governadora, prefeita, deputada, senadora e ministra sofre violência política de gênero, quanto mais as mulheres de um modo geral, aquelas que não estão em posição de visibilidade”, concluiu.
A repercussão das palavras do senador e a resposta contundente da ministra levantam questões sobre o tratamento das mulheres na política brasileira e a necessidade de um debate mais respeitoso e consciente sobre gênero e violência.
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