Decisão unânime da Primeira Turma do STF marca um momento histórico na política brasileira.
26 de Março de 2025 às 20h46

STF torna Jair Bolsonaro e mais sete réus por tentativa de golpe de Estado

Decisão unânime da Primeira Turma do STF marca um momento histórico na política brasileira.

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, nesta quarta-feira (26), tornar réus o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete de seus aliados, acusados de tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A decisão representa um marco na história política do Brasil, sendo a primeira vez que um ex-presidente eleito é processado por crimes contra a ordem democrática.

O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, destacou que a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) continha elementos suficientes para justificar o recebimento da ação penal. Entre os réus, além de Bolsonaro, estão Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa; Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin); e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Os acusados enfrentam sérias imputações, incluindo tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa armada, e danos ao patrimônio da União. A decisão da Primeira Turma abre caminho para a fase de instrução do processo, que incluirá a coleta de provas e depoimentos de testemunhas.

Durante a sessão, Moraes enfatizou que a PGR apresentou uma narrativa coerente sobre a suposta trama golpista, que teria como objetivo manter Bolsonaro no poder, mesmo após sua derrota nas eleições. O ministro também mencionou os eventos de 8 de janeiro de 2023, quando ocorreram invasões e depredações nas sedes dos Três Poderes em Brasília, como uma culminação dessa tentativa de golpe.

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“A materialidade dos crimes foi amplamente demonstrada”, afirmou Moraes, referindo-se aos ataques ao processo eleitoral e à manipulação das forças de segurança. Ele ressaltou que a organização criminosa agiu de forma coordenada, com o intuito de desestabilizar o governo legitimamente eleito.

Com a aceitação da denúncia, os réus agora respondem penalmente na corte. O próximo passo será a fase de instrução, onde serão realizados depoimentos e a coleta de dados que esclarecerão a participação de cada um dos envolvidos. Após essa etapa, o relator elaborará um relatório que será submetido à Primeira Turma para julgamento.

Se condenados, os réus podem enfrentar penas severas, que, somadas, podem ultrapassar 40 anos de prisão. A gravidade das acusações e a natureza dos crimes imputados refletem a seriedade da situação e a importância do processo para a democracia brasileira.

Além de Moraes, os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin acompanharam o voto do relator, reforçando a unanimidade da decisão. A Primeira Turma é composta por apenas cinco dos 11 ministros do STF, mas sua decisão tem grande impacto na política nacional.

O julgamento e a aceitação da denúncia marcam um momento crítico na história do Brasil, onde a defesa da democracia e das instituições é colocada em evidência. A sociedade brasileira acompanhará de perto os desdobramentos desse caso, que promete influenciar o cenário político nos próximos anos.

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