
Zema defende Bolsonaro como 'maior líder da oposição' após virada como réu
Governador de Minas Gerais manifesta apoio ao ex-presidente e pede revisão de inelegibilidade após decisão do STF.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, do partido Novo, fez uma declaração de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que recentemente se tornou réu em um processo no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta tentativa de golpe de Estado. Em uma postagem nas redes sociais, Zema afirmou que Bolsonaro é a "maior liderança da oposição" ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e expressou sua esperança de que a Justiça reconsidere a inelegibilidade do ex-mandatário.
“O maior líder da oposição ao governo do PT é Jair Bolsonaro. Espero que a Justiça seja feita e que ele recupere seus direitos políticos”, escreveu Zema em sua conta no X, antiga Twitter. A declaração ocorreu um dia após o STF aceitar a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) que tornou Bolsonaro e outros sete aliados réus por envolvimento em uma tentativa de golpe em 2022.
A manifestação de Zema chegou em um momento delicado, já que ele havia optado por não se pronunciar anteriormente devido ao luto pela morte do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, que mantinha uma relação cordial com o governador. Este é o segundo aceno de Zema ao bolsonarismo nesta semana, após criticar o julgamento de uma das réus dos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro.
A ré, Débora Rodrigues dos Santos, uma cabeleireira, foi acusada de vandalismo por pichar uma frase na estátua da Justiça em frente ao STF. Ela está presa há dois anos e sua pena foi analisada em um julgamento virtual, onde os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino votaram pela condenação a 14 anos de prisão. O ministro Luiz Fux pediu vistas do processo, que pode ser devolvido em até 90 dias.


Débora enfrenta cinco acusações, incluindo abolição violenta do Estado Democrático de Direito e associação criminosa armada. Para justificar seu apoio à ré, Zema comparou sua situação a outros casos, como a condenação do empresário Thiago Brennand a 10 anos e seis meses de prisão por estupro, e a soltura do traficante André do Rap em 2019.
“Você acha isso justo? Parece que tem algo de errado com a Justiça do Brasil”, questionou Zema em sua declaração. A cabeleireira, que foi presa durante a Operação Lesa Pátria, havia escrito uma carta pedindo desculpas a Moraes durante seu julgamento, reconhecendo que não compreendia a importância da estátua no momento do ato.
Os posicionamentos do governador refletem sua estratégia de se posicionar como um representante da direita nas eleições de 2026. Com a inelegibilidade de Bolsonaro, Zema e outros governadores estão sendo considerados como possíveis candidatos ao Palácio do Planalto.
Embora tenha se envolvido em embates com o governo federal, Zema tem se distanciado de algumas pautas mais radicais do bolsonarismo, apresentando-se como uma figura da direita moderada. No entanto, sua recente declaração indica um alinhamento mais próximo ao discurso de Bolsonaro e seus aliados.
Essa mudança de estratégia pode estar ligada à troca de seu marqueteiro, com a contratação de Renato Pereira, um profissional com experiência em campanhas de políticos tradicionais. Desde então, Zema intensificou suas críticas ao governo Lula, buscando ampliar sua projeção no cenário nacional.
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