Relatório da Conib e Fisesp revela que ambiente digital é o principal meio de propagação
15 de Abril de 2025 às 17h33

Brasil registra aumento de 350% nas denúncias de antissemitismo em dois anos

Relatório da Conib e Fisesp revela que ambiente digital é o principal meio de propagação

O Brasil vivenciou um alarmante aumento de 350% nas denúncias de antissemitismo nos últimos dois anos, conforme apontou um relatório divulgado nesta terça-feira, 15, pela Confederação Israelita do Brasil (Conib) em parceria com a Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp). O crescimento das ofensas é especialmente notável após o início do conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas, em outubro de 2023.

Os dados revelam que no primeiro mês do conflito, as ocorrências reportadas superaram em mais de 1.000% as registradas no mesmo período do ano anterior. Em 2024, foram contabilizadas 1.788 denúncias, o que representa uma média de 4,9 casos por dia, em comparação com 1.410 denúncias em 2023, uma média de 3,9 por dia, indicando um aumento de 27%.

O relatório destaca que o ambiente digital se tornou o principal espaço para a propagação do antissemitismo, com 73% das denúncias de 2024 originadas das redes sociais. O X (antigo Twitter) e o Instagram são as plataformas mais citadas, representando a maioria das ocorrências. Em 2022, as denúncias digitais correspondiam a 51% do total, número que saltou significativamente nos últimos dois anos.

“É preocupante sob todos os aspectos o crescimento do antissemitismo em nosso país, principalmente os casos explícitos”, afirmou Ricardo Berkiensztat, presidente-executivo da Fisesp. Ele ressaltou que a entidade está atenta a todos os casos e em constante colaboração com as forças públicas.

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O relatório também revela que as denúncias offline, embora menos frequentes, ainda são significativas, com casos de vandalismo, pichações com simbologia nazista e agressões verbais e físicas. Em 2024, foram registradas 478 denúncias físicas, um aumento em relação aos 363 casos de 2023 e 195 em 2022.

A Conib informou que seu departamento jurídico recebeu 104 denúncias em 2024, das quais pelo menos 50 foram encaminhadas à polícia ou ao Ministério Público. Algumas ações judiciais resultaram em condenações, como a de um líder religioso por discurso de ódio e incentivo ao genocídio, movida em conjunto com a Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (Fierj).

Daniel Kignel, diretor jurídico da Fisesp, afirmou que as forças públicas têm respondido de forma positiva às denúncias, reconhecendo a urgência de lidar com o antissemitismo como uma forma de racismo. “As forças públicas – a Polícia Civil e a Polícia Federal – têm recebido nossas denúncias e dado o andamento que nós esperamos”, afirmou Kignel.

O relatório também aponta um processo de radicalização, especialmente entre jovens, influenciado por grupos extremistas do exterior. Alexandre Judkiewicz, diretor executivo de segurança da Fisesp, destacou que o Brasil tem se tornado um palco importante para a radicalização de extremistas de direita e de grupos como o Estado Islâmico (ISIS).

Comparativamente, um relatório da Liga Antidifamação (ADL) revelou que mais de 10 mil incidentes antissemitas foram registrados nos Estados Unidos entre outubro de 2023 e setembro de 2024, representando um aumento de mais de 200% em relação ao ano anterior. Essa situação ressalta a gravidade do problema e a necessidade de atenção contínua.

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