Após motim de parlamentares, proposta prevê suspensão de até seis meses para quem impedir funcionamento da Casa.
20 de Agosto de 2025 às 09h41

Câmara aprova urgência para punir deputados que obstruírem atividades legislativas

Após motim de parlamentares, proposta prevê suspensão de até seis meses para quem impedir funcionamento da Casa.

A Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (19), a urgência do Projeto de Resolução nº 63/2025, que estabelece punições mais rigorosas para deputados que obstruírem as atividades legislativas. A decisão foi tomada em resposta a um motim que paralisou os trabalhos da Casa, liderado por parlamentares da oposição ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que ocupou o plenário em protesto contra sua prisão domiciliar.

O requerimento de urgência foi aprovado com 266 votos a favor e 114 contra, permitindo que a proposta seja votada diretamente no plenário, sem passar pelas comissões. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), defendeu a medida como uma forma de garantir a ordem e a continuidade das atividades legislativas, afirmando que a Casa não pode se permitir episódios de desordem.

A proposta prevê a suspensão imediata do mandato de deputados que, por ação física ou outros meios, obstruírem o funcionamento das atividades legislativas. A pena pode chegar a seis meses, e os casos serão encaminhados ao Conselho de Ética, que avaliará a aplicação de sanções adicionais.

O projeto surge após uma série de protestos que culminaram em uma ocupação do plenário por mais de 30 horas, onde parlamentares exigiram a votação de pautas como o chamado “pacote da paz”, que inclui propostas de anistia e mudanças no foro privilegiado. Durante a discussão, Motta afirmou que a urgência da proposta é uma resposta necessária para evitar que tais episódios se repitam.

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Entre as críticas à proposta, deputados da oposição argumentaram que as novas regras podem ser utilizadas para cercear o direito de manifestação e perseguir adversários políticos. O deputado federal Cabo Gilberto Silva (PL-PB) expressou preocupações sobre o uso do poder pelo presidente da Câmara, sugerindo que a medida poderia ser uma arma contra a oposição.

A deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) também se manifestou, apoiando a urgência, mas alertando para o risco de concentração excessiva de poder nas mãos do presidente da Casa. Segundo ela, é fundamental garantir que as punições sejam aplicadas de forma justa e transparente, evitando abusos.

O projeto foi elaborado pela Mesa Diretora e, se aprovado, deverá ser analisado em plenário nos próximos dias. A expectativa é que a votação ocorra ainda esta semana, dada a urgência e a relevância da proposta para a manutenção da ordem legislativa.

O presidente da Câmara, Hugo Motta, ressaltou que a medida não busca aumentar o poder da presidência, mas sim proteger o funcionamento adequado da Casa. Ele enfatizou a necessidade de uma resposta institucional firme diante dos recentes episódios de tumulto e desordem.

Com a aprovação da urgência, a Câmara demonstra sua determinação em restabelecer a normalidade legislativa e coibir comportamentos que possam comprometer a imagem institucional e a continuidade das atividades do Parlamento.

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