Paulo Gonet pede investigação sobre relação com apuração da Abin Paralela e declarações de Sergio Moro.
16 de Outubro de 2025 às 10h27

PGR solicita reabertura de inquérito sobre possível interferência de Bolsonaro na PF

Paulo Gonet pede investigação sobre relação com apuração da Abin Paralela e declarações de Sergio Moro.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitou nesta quarta-feira (15) a reabertura de um inquérito que investiga se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) interferiu na Policia Federal (PF) durante seu mandato. A solicitação visa esclarecer se há conexões com uma investigação sobre uma suposta estrutura paralela na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Esse inquérito, que é o primeiro aberto contra Bolsonaro após sua presidência, estava suspenso desde maio de 2024. Naquela ocasião, o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, questionou Gonet sobre um pedido de arquivamento feito na gestão anterior da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Gonet defendeu que o inquérito retorne à PF para que sejam comparados os elementos coletados na investigação com as apurações relacionadas à Abin Paralela. O objetivo é analisar declarações feitas pelo ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, que atualmente é senador, sobre a suposta intenção de Bolsonaro de acessar informações sigilosas.

Em suas declarações, Moro acusou Bolsonaro de tentar interferir na autonomia da PF ao exigir a demissão do então diretor da instituição, Maurício Valeixo, e ao querer nomear outra pessoa para o cargo. A PF, em investigações anteriores, concluiu que não houve indícios de cometimento de delitos por parte de Bolsonaro ou Moro.

“A análise dos autos indica a necessidade de realização de diligências complementares, para possibilitar um juízo adicional e mais abrangente sobre os fatos investigados. A manifestação é pelo retorno dos autos à Polícia Federal para que seja realizada diligência”, afirmou Paulo Gonet em sua manifestação.

As diligências solicitadas devem abranger investigações sobre uma organização criminosa que teria realizado ataques sistemáticos a autoridades, ao sistema eleitoral e a instituições públicas, utilizando dados sensíveis de forma clandestina, além da propagação de notícias falsas e do uso das estruturas da Abin e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

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Após a realização das diligências, a PGR requer uma nova concessão de vistas para manifestação sobre os relatórios conclusivos das investigações e das diligências complementares solicitadas.

A investigação sobre a suposta interferência de Bolsonaro na PF apurou fatos que poderiam configurar crimes como falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução da justiça e corrupção passiva privilegiada. Quanto a Moro, foram analisados possíveis crimes de denunciação caluniosa e contra a honra.

No relatório final, a PF concluiu que não havia indícios mínimos de cometimento de delitos imputados a Bolsonaro e Moro, e os elementos reunidos demonstraram a inexistência de ingerência política que pudesse impactar diretamente os trabalhos da Polícia Judiciária da União.

De acordo com a PF, cabe ao presidente da República a nomeação e exoneração do diretor-geral da PF, independentemente de indicação ou referendo do ministro da Justiça e Segurança Pública, e os atos atribuídos a Bolsonaro foram considerados dentro da legalidade e formalizados conforme a praxe administrativa.

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