Decisão da Primeira Turma foi baseada no voto de Alexandre de Moraes, que defendeu a reabertura das apurações sobre Valdemar
22 de Outubro de 2025 às 11h07

STF reabre investigação contra Valdemar Costa Neto por suposta trama golpista

Decisão da Primeira Turma foi baseada no voto de Alexandre de Moraes, que defendeu a reabertura das apurações sobre Valdemar

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta terça-feira (21), reabrir a investigação contra Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL), por suposta participação na tentativa de golpe de Estado ocorrida em 2022. A decisão foi tomada após o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, defender a continuidade das apurações durante o julgamento do núcleo 4 da chamada trama golpista, que é acusado de disseminar desinformação e atacar a integridade do sistema eleitoral.

O voto de Moraes foi seguido pela maioria dos ministros, que concordaram em reencaminhar o caso à Procuradoria-Geral da República (PGR) para que novas investigações possam ser realizadas. O relator argumentou que, mesmo com o arquivamento anterior de um inquérito, a reabertura é possível caso surjam novas evidências. “Determino ainda, nos termos do voto, a remessa de cópias integrais da Ação Penal 2694 para a PET 1200, a fim de que, nos termos do artigo 18 do Código de Processo Penal, seja retomada a investigação em relação a Valdemar Costa Neto”, afirmou Moraes.

Valdemar, que já havia sido indiciado pela Polícia Federal, não chegou a ser denunciado pela PGR em fevereiro deste ano. O presidente do PL é acusado de ter um papel central na organização criminosa e na tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, especialmente por sua ligação com o Instituto Voto Legal (IVL), que produziu relatórios contestando a integridade das urnas eletrônicas utilizadas nas eleições de 2022.

Durante a sessão, Moraes também mencionou o engenheiro Carlos Rocha, presidente do IVL, que foi condenado por crimes relacionados à mesma trama. O ministro destacou que o relatório elaborado pelo instituto foi utilizado para justificar ações judiciais que tentaram anular os resultados das eleições, o que, segundo ele, foi uma das iniciativas mais bizarras já vistas pela Justiça Eleitoral.

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A investigação aponta que o PL, sob a liderança de Valdemar, teria financiado e promovido uma campanha de desinformação para desacreditar o processo eleitoral. Segundo a Polícia Federal, o ápice dessa estratégia ocorreu em novembro de 2022, quando o PL, em coligação com outros partidos, entrou com uma ação que visava anular votos de urnas utilizadas nas eleições.

O relator do caso, Moraes, enfatizou que a reabertura da investigação é crucial para garantir a responsabilização de todos os envolvidos na tentativa de golpe. “Uma vez configurada a condenação do réu Carlos Rocha, devemos extrair cópias da decisão e de todo o acervo probatório para a reabertura da investigação em relação ao presidente do PL”, reiterou o ministro.

O ex-deputado Valdemar Costa Neto, que tem forte ligação com o ex-presidente Jair Bolsonaro, passou a ser alvo da investigação após o PL ter solicitado a anulação de parte dos votos das eleições de 2022. A apuração indica que o partido foi usado para financiar uma estrutura que sustentava narrativas de fraudes eleitorais, legitimando manifestações que pediam intervenções militares.

Com a decisão do STF, as investigações sobre Valdemar Costa Neto serão retomadas, e a PGR terá a responsabilidade de avaliar as novas evidências que surgirem. A expectativa é que essa reabertura traga mais clareza sobre o papel do presidente do PL na trama golpista e nas tentativas de desestabilização da democracia brasileira.

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