Presidente do Congresso não definiu nova data para a sessão, que visa evitar enfraquecimento da legislação ambiental.
16 de Outubro de 2025 às 10h42

Davi Alcolumbre adia análise dos vetos de Lula sobre licenciamento ambiental

Presidente do Congresso não definiu nova data para a sessão, que visa evitar enfraquecimento da legislação ambiental.

O presidente do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (União-AP), anunciou o adiamento da análise dos vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Lei Geral do Licenciamento Ambiental, que estava programada para esta quinta-feira, 16. A decisão foi tomada em resposta a um pedido da liderança do governo no Congresso.

A sessão conjunta da Câmara e do Senado, que tinha como objetivo discutir os 63 trechos vetados por Lula, foi cancelada sem uma nova data definida. Alcolumbre, em comunicado à imprensa, não forneceu detalhes sobre o motivo do adiamento, mas a expectativa é que a medida busque evitar um enfraquecimento das regras ambientais em um momento crítico, a poucos meses da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que ocorrerá em novembro no Pará.

A versão do projeto aprovada pelo Congresso é considerada por ambientalistas como “PL da Devastação”, uma vez que a proposta flexibiliza normas importantes de licenciamento ambiental. O governo, portanto, tenta atrasar a análise dos vetos para preservar a legislação ambiental vigente.

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Em agosto, Lula vetou diversos pontos da proposta, que incluíam a simplificação do licenciamento por meio de autodeclaração para empreendimentos com potencial poluidor médio, como barragens de rejeitos. Além disso, o presidente vetou dispositivos que eliminavam o regime especial de proteção da Mata Atlântica e a consulta a órgãos e comunidades indígenas e quilombolas no reconhecimento de terras.

Dentro do Congresso, há uma tendência de derrubar a maioria dos trechos vetados, com Alcolumbre atuando como um dos principais articuladores dessa rejeição, o que poderia levar à restauração da versão original do texto. O senador é conhecido por sua defesa da exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas, uma área que requer licenciamento ambiental e enfrenta um longo processo de análise no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A bancada do agronegócio também é favorável à derrubada dos vetos, argumentando que a flexibilização das regras de licenciamento ambiental poderia facilitar a realização de obras de infraestrutura. Técnicos da Casa Civil estão em negociações com representantes do setor, incluindo a senadora Tereza Cristina (PP-MS), que é vice-presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), um grupo que reúne mais de 300 deputados.

Nesta terça-feira, 89 entidades do setor produtivo entregaram uma carta a parlamentares solicitando que o Congresso derrube todos os vetos de Lula. A Coalizão das Frentes Produtivas defende que a versão do projeto aprovada pelo parlamento “assegura previsibilidade aos empreendedores” e promove uma “gestão ambiental descentralizada”, conferindo maior autonomia a estados e municípios.

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