Ministros do Supremo formam maioria contra decisão que permitia atuação de enfermeiros em abortos previstos na lei.
20 de Outubro de 2025 às 10h50

STF decide derrubar autorização de Barroso para enfermeiros realizarem aborto legal

Ministros do Supremo formam maioria contra decisão que permitia atuação de enfermeiros em abortos previstos na lei.

BRASÍLIA – O Supremo Tribunal Federal (STF) formou uma maioria de votos para revogar a decisão do ministro Luíz Roberto Barroso, que havia autorizado enfermeiros a participar da realização de abortos legais, em casos permitidos pela legislação brasileira. A votação ocorreu na noite de sexta-feira (17) durante uma sessão virtual do plenário da Corte.

A decisão de Barroso, que se aposentou no dia seguinte, foi proferida em resposta a ações que buscavam garantir a assistência de profissionais de enfermagem em situações específicas, como risco à vida da gestante, gravidez resultante de estupro e anencefalia do feto. Barroso argumentou que a falta de assistência adequada na saúde pública impedia o acesso das mulheres a um direito garantido por lei.

Após a apresentação do voto de Barroso, o ministro Gilmar Mendes se manifestou contra a medida, afirmando que não havia risco iminente que justificasse a decisão monocrática. Mendes destacou a necessidade de uma deliberação mais ampla sobre o tema, considerando sua complexidade.

“Entendo que a ausência de qualquer fato novo que justifique a atuação monocrática do Ministro Relator, além de impedir a concessão de medida cautelar, demonstra a falta de periculum in mora”, escreveu Mendes em seu voto.

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O voto de Mendes foi acompanhado por outros ministros, como Cristiano Zanin, Flávio Dino, Kassio Nunes Marques, André Mendonça e Alexandre de Moraes, formando assim a maioria necessária para derrubar a decisão de Barroso. Os demais ministros ainda têm até a próxima sexta-feira (24) para registrar seus votos.

Atualmente, o aborto é permitido no Brasil em três situações específicas: quando há risco de morte para a mulher, em casos de gravidez resultante de estupro e quando o feto é anencéfalo. A decisão de Barroso havia suspendido processos administrativos e penais contra enfermeiros que realizassem abortos legais, garantindo que eles não seriam punidos por essa prática.

As ações que motivaram a decisão de Barroso foram protocoladas por entidades que apontaram a precariedade da saúde pública na assistência a mulheres que buscam realizar abortos legais em hospitais públicos. O ex-ministro defendeu que a atuação dos enfermeiros deve ser compatível com a formação profissional, especialmente em casos de aborto medicamentoso nas fases iniciais da gestação.

A liminar concedida por Barroso estava sujeita a referendo do plenário e gerou intensos debates sobre a legalidade e a ética da prática de aborto no Brasil. A decisão da maioria dos ministros do STF reflete a tensão existente entre diferentes visões sobre direitos reprodutivos e a atuação dos profissionais de saúde no país.

O tema do aborto continua a ser um assunto polêmico no Brasil, especialmente em um contexto político em que direitos reprodutivos estão sob crescente escrutínio. A decisão do STF pode ter implicações significativas para a assistência à saúde das mulheres e o acesso a serviços de aborto legal no país.

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