Secretário de Polícia Civil afirma que prisão de Doca é questão de tempo
Edgar Alves de Andrade, o Doca, é apontado como líder do Comando Vermelho e segue foragido após megaoperação.
O traficante Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, de 55 anos, é considerado uma figura emblemática do narcoterrorismo no Brasil, segundo o secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi. Em uma coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira, Curi destacou que Doca é acusado de crimes graves, incluindo a execução de desafetos e até a morte de meninos que furtaram uma gaiola de passarinho na Baixada Fluminense. Ele é um dos principais líderes do Comando Vermelho (CV), atuando especialmente no Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O secretário declarou que “prender o Doca é questão de tempo”.
“É um criminoso que deu a ordem para matar os meninos de Belford Roxo por causa de um furto. Ele impõe a lei do silêncio e há relatos de que os moradores não aguentam mais sua presença. O feedback da operação foi positivo, com pedidos para intensificar as ações. Prender o Doca é uma questão de tempo. Por pouco não conseguimos capturá-lo, mas a hora dele vai chegar”, afirmou Curi.
De acordo com promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), Doca, também conhecido como Urso, é o principal líder do CV no Complexo da Penha e em comunidades como Gardênia Azul e César Maia, na Zona Sudoeste, e Juramento, na Zona Norte, algumas das quais foram recentemente dominadas pela milícia.
O traficante é investigado por mais de cem homicídios, incluindo a execução de crianças e o desaparecimento de moradores. Em outubro de 2023, Doca foi identificado como o mandante da execução de três médicos e da tentativa de homicídio de uma quarta vítima na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. As vítimas, que participavam de um congresso de medicina, foram confundidas com milicianos de Rio das Pedras.
A Polícia Civil acredita que Doca tenha coordenado ações de traficantes na Gardênia e em Rio das Pedras. Ele é conhecido por ter como homem de confiança um criminoso apelidado de BMW, que pode estar liderando uma nova guerra entre traficantes e milicianos nessas comunidades. BMW é procurado pela polícia desde a execução dos três médicos.
Na última terça-feira, o Disque Denúncia divulgou um cartaz oferecendo uma recompensa de R$ 100 mil pela captura de Doca, que é considerado um dos integrantes da cúpula do Comando Vermelho. O valor da recompensa é equivalente ao oferecido por informações que levassem à captura de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, que, mesmo preso há 20 anos, continua sendo o chefe do CV.
O Disque Denúncia solicita que qualquer pessoa com informações sobre o paradeiro de foragidos da Justiça ou pontos de tráfico entre em contato pelos canais de atendimento disponíveis, garantindo o anonimato.
Doca já foi alvo da operação Buzz Bomb, deflagrada em setembro do ano passado pela Polícia Federal, que visava coibir o uso de drones lançadores de granadas, utilizados por pessoas ligadas ao Comando Vermelho. Contra ele, há mais de 20 mandados de prisão expedidos pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ).
Na época da operação Buzz Bomb, Doca teve sua prisão preventiva decretada pela 1ª Vara Criminal Especializada em Organização Criminosa do TJRJ. Ele foi denunciado pelos crimes de organização criminosa e posse de material explosivo, cujas penas somadas podem chegar até 14 anos de prisão, caso seja condenado.
Veja também: