Macaé Evaristo classificou a operação no Rio como um fracasso e uma tragédia
31 de Outubro de 2025 às 15h16

Ministra dos Direitos Humanos promete pericia independente após reunião com familiares

Macaé Evaristo classificou a operação no Rio como um fracasso e uma tragédia

A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, se reuniu nesta quinta-feira (30) com familiares das vítimas da recente operação policial nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, que resultou na morte de ao menos 121 pessoas. Durante o encontro, Evaristo prometeu que o governo federal realizará uma perícia independente nos corpos dos mortos.

“A perícia no local está muito prejudicada”, afirmou a ministra, que enfatizou a necessidade de uma investigação autônoma para esclarecer as circunstâncias das mortes ocorridas durante a operação, a qual ela classificou como “um fracasso” e “uma tragédia”.

A operação, conhecida como Contenção, foi amplamente criticada, especialmente pela alta letalidade, que incluiu a morte de quatro policiais. O governador do Rio, Cláudio Castro, havia anteriormente elogiado a ação como um “sucesso”, o que gerou um contraste significativo com a avaliação da ministra.

O encontro na sede da Central Única de Favelas (Cufa) contou com a presença de representantes da comunidade, além de deputados federais, como Benedita da Silva (PT-RJ) e Glauber Braga (PSOL-RJ). Durante a reunião, os familiares expressaram suas demandas por justiça e apoio.

Macaé Evaristo também anunciou uma série de medidas para apoiar os familiares das vítimas, incluindo atendimento psicossocial e proteção às testemunhas, com foco especial nas crianças afetadas pela violência.

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“Segurança é um direito de toda a população. Não adianta segurança se não estiver associada a políticas públicas de saúde e educação”, destacou a ministra, enfatizando a importância de uma abordagem mais humanizada no combate ao crime.

Uma moradora da comunidade fez um apelo durante a reunião, solicitando que as imagens das câmeras de segurança dos policiais fossem disponibilizadas. A ministra se comprometeu a incluir essa demanda na pauta de discussões.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que também participou do encontro, reiterou a importância de não aceitar “nenhum corpo tombado” como uma consequência aceitável da ação policial, reforçando a crítica à letalidade da operação.

O governo federal está mobilizando peritos da Polícia Federal para auxiliar nas investigações, e a ministra Evaristo afirmou que o Conselho Nacional de Direitos Humanos já está ciente da demanda por uma perícia independente e autônoma.

As ministras e os parlamentares presentes ouviram as demandas da comunidade, que incluem não apenas justiça, mas também acesso a serviços públicos e alternativas de trabalho para a juventude local.

A criação de uma comissão emergencial integrada por diversos ministérios foi proposta para atender às reivindicações apresentadas pelos familiares e pela comunidade, com o objetivo de garantir direitos básicos e dignidade aos afetados pela operação.

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