UFRJ aprova cotas para pessoas trans e travestis em cursos de graduação
Medida reserva 2% das vagas e será implementada no Sisu a partir de 2026, promovendo inclusão.
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aprovou, na última quinta-feira (30), a implementação de cotas para pessoas trans e travestis em seus cursos de graduação e pós-graduação. A decisão, que foi aprovada pelo Conselho Universitário da instituição, reserva 2% das vagas para esse grupo social, que poderá acessar as oportunidades por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), a partir de 2026.
O reitor da UFRJ, Roberto Medronho, destacou a importância da medida, afirmando que “as cotas são um mecanismo de justiça social e de reparação, além de representarem uma resposta ao contexto de exclusão”. A nova política é resultado de um trabalho desenvolvido pela Superintendência-Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Acessibilidade (Sgaada), que desde 2024 vinha dialogando com diferentes setores da comunidade universitária para elaborar a proposta.
Com essa nova política, a UFRJ se junta a outras universidades federais brasileiras que já possuem cotas para pessoas trans, como a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Segundo um levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), a UFRJ é a maior instituição de ensino superior do Brasil, com cerca de 70 mil alunos, e representa um marco importante na luta pela inclusão de pessoas trans no ensino superior.
A medida foi celebrada por membros do movimento LGBTQIA+, que veem a aprovação das cotas como um avanço significativo na promoção da diversidade e inclusão nas universidades. Ariela Nascimento, cientista social e líder política em formação, declarou: “Como jovem travesti, celebro a aprovação como um marco de responsabilidade e compromisso com a educação pública”.
No entanto, a implementação das cotas também enfrenta desafios. A evasão escolar entre pessoas trans e travestis é alarmante, com muitos abandonando o ensino médio devido a preconceitos e violências. Um estudo da Antra revela que 70% das pessoas trans e travestis são levadas a deixar a escola, e menos de 0,3% dessa população consegue ingressar no ensino superior.
Além disso, a UFRJ terá que garantir que cursos menores ofereçam pelo menos uma vaga para pessoas trans, mesmo que isso signifique ultrapassar a cota de 2%. Se as vagas não forem preenchidas, elas serão revertidas para a ampla concorrência. Essa estratégia visa assegurar que a inclusão não seja apenas uma formalidade, mas uma realidade efetiva.
O movimento por cotas para pessoas trans nas universidades é parte de um esforço mais amplo para corrigir desigualdades históricas e promover a inclusão social. A aprovação das cotas na UFRJ é um passo importante, mas especialistas alertam que a vulnerabilidade socioeconômica desse grupo pode dificultar o acesso efetivo às vagas reservadas.
Com a nova política, a UFRJ se posiciona como uma referência na luta por direitos e inclusão no ensino superior, mas os desafios para a implementação efetiva das cotas ainda precisam ser enfrentados. A expectativa é que essa iniciativa inspire outras instituições a adotarem políticas semelhantes, contribuindo para um ambiente acadêmico mais diverso e inclusivo.
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