Brasil registra 358 mil pessoas em situação de rua; Sudeste concentra 60% do total
Levantamento do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas revela aumento alarmante na população em situação de rua, especialmente em São Paulo.
O Brasil contabiliza 358.553 pessoas em situação de rua, conforme levantamento realizado pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com População em Situação de Rua (OBPopRua), vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O estudo, que utiliza dados da plataforma Cadastro Único, revela que aproximadamente 60% dessa população está concentrada na região Sudeste do país.
No estado de São Paulo, o número de pessoas em situação de rua chega a 148.730, sendo que 99.477 delas vivem na capital paulista. Os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais ocupam a segunda e terceira posições, com 33.081 e 32.685 pessoas, respectivamente. Juntas, essas três unidades federativas representam cerca de 60% do total nacional.
As regiões Sul e Nordeste também apresentam números significativos, embora com uma diferença notável em relação ao Sudeste. Os dados indicam que o Paraná tem 17.091 pessoas, a Bahia 16.603, o Rio Grande do Sul 15.906, o Ceará 13.625, Santa Catarina 11.805 e Roraima 9.954.
O crescimento da população em situação de rua é alarmante, especialmente em Roraima, onde a capital Boa Vista viu um aumento quase dez vezes maior desde 2018, quando havia apenas cerca de mil pessoas vivendo nas ruas. Esse crescimento é muito superior ao observado em outras localidades, como São Paulo, que passou de quase 39 mil para cerca de 100 mil pessoas nessa condição.
O Observatório destaca que a situação reflete o descumprimento da Constituição Federal de 1988, que garante direitos a essa população, majoritariamente composta por pessoas negras e historicamente vulnerabilizadas. “O descumprimento da Constituição Federal de 1988 com as pessoas em situação de rua continua no Brasil, com pouquíssimos avanços na garantia de direitos dessa população”, afirma o estudo.
Os pesquisadores também ressaltam a falta de transparência nos dados sobre a população em situação de rua, que deveriam ser públicos, abertos e acessíveis a toda a sociedade. Essa falta de informação dificulta a implementação de políticas públicas eficazes para atender às necessidades dessa parcela da população.
O levantamento do OBPopRua é um importante indicativo da urgência em se adotar medidas que garantam a dignidade e os direitos das pessoas em situação de rua, uma questão que requer atenção e ação imediata por parte das autoridades e da sociedade civil.
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