Pesquisa revela que 72% dos cariocas apoiam classificar facções como terroristas
Levantamento da Genial/Qaust aponta apoio a medidas de endurecimento penal após operação que deixou 121 mortos no RJ.
Uma pesquisa realizada pela Genial/Qaest, divulgada nesta segunda-feira (3), revela que 72% da população do Rio de Janeiro é favorável a uma alteração na legislação penal que classifique facções criminosas como grupos terroristas. O levantamento foi realizado após uma megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão, que resultou na morte de 121 pessoas na última terça-feira (28).
De acordo com a pesquisa, a principal diferença entre uma organização criminosa e uma organização terrorista reside na motivação que une os membros do grupo. Enquanto as primeiras geralmente buscam lucro econômico, as últimas atuam por questões ideológicas ou políticas. A mudança na legislação significaria um aumento significativo nas penas para integrantes de facções como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), que atualmente enfrentam penas de três a oito anos por organização criminosa.
Um projeto de lei, de autoria do deputado Danilo Forte (União-CE), está em tramitação na Câmara e pode ganhar força nos próximos dias, impulsionado pela recente operação no Rio de Janeiro. Em setembro, antes da intervenção policial, a Comissão de Segurança da Câmara dos Deputados já havia aprovado uma proposta que equipara facções e milícias a grupos terroristas.
A proposta agora aguarda análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), sob a relatoria do secretário estadual de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PL), que é deputado licenciado e está se preparando para uma candidatura ao Senado em 2026. O relator original do projeto, Nikolas Ferreira (PL-MG), cedeu seu lugar a Derrite.
Além do apoio à classificação de facções como terroristas, a pesquisa também indica um forte respaldo a outras medidas de endurecimento penal. Cerca de 85% dos entrevistados concordam com o aumento da pena para homicídios encomendados por organizações criminosas. Outros 62% defendem o fim do direito a visitas íntimas a detentos, enquanto 53% são a favor de abolir as “saidinhas” temporárias, mesmo que o preso tenha bom comportamento e já tenha cumprido a maior parte da pena.
O levantamento foi realizado entre os dias 30 e 31 de outubro e ouviu 1.500 pessoas com 16 anos ou mais em 40 municípios do Rio de Janeiro. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos, e o grau de confiança da pesquisa é de 95%.
Os resultados revelam um panorama de insatisfação com a atual situação da segurança pública no estado, refletindo a urgência de medidas mais rigorosas no combate ao crime organizado. A pesquisa também mostra que 82% dos entrevistados acreditam que líderes de facções têm influência na eleição de deputados, dificultando sua prisão. Além disso, 80% afirmam que o poder das facções está concentrado em áreas mais ricas, e não nas favelas.
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