Único sobrevivente do acidente da Air India relata sua luta diária após a tragédia que matou 241 pessoas

Viswash Kumar Ramesh, o único sobrevivente do trágico acidente da Air India que resultou na morte de 241 pessoas em junho de 2025, compartilhou sua angustiante experiência em entrevistas recentes. Ele descreve sua sobrevivência como um “milagre”, mas a perda de seu irmão, Ajay, que estava a bordo do voo, deixou uma marca indelével em sua vida.

O acidente ocorreu logo após a decolagem do Boeing 787-8 Dreamliner do aeroporto de Ahmedabad, na Índia, quando a aeronave colidiu com um prédio de uma faculdade médica. Ramesh, de 39 anos, conseguiu escapar dos destroços, mas não sem consequências profundas. “Deus me deu a vida, mas tirou toda a minha felicidade”, afirmou Ramesh, que vive em Leicester, no Reino Unido.

Quase quatro meses após a tragédia, ele relata que ainda luta contra constantes flashbacks e um profundo sentimento de perda. “Perdi meu irmão, meu alicerce. Agora estou sozinho e não consigo falar com minha esposa ou meu filho”, disse, emocionado. A dor mental e física que Ramesh enfrenta é exacerbada pelo transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), diagnosticado durante sua internação na Índia.

O impacto do acidente não afetou apenas Ramesh, mas toda a sua família. Ele menciona que seus pais e seu irmão mais novo estão igualmente devastados. “Estamos todos quebrados, mental e fisicamente”, declarou. O sobrevivente também enfrenta dificuldades físicas, com dores constantes nas pernas, costas e ombros, que o impedem de retomar sua vida normal.

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Um relatório preliminar do Escritório de Investigação de Acidentes Aéreos da Índia revelou que o fornecimento de combustível para os motores foi interrompido logo após a decolagem, o que pode ter contribuído para a queda. Essa informação, embora crucial, não alivia a dor de Ramesh, que ainda se sente incapaz de discutir os detalhes do acidente.

Apesar de sua luta, Ramesh tem recebido apoio de sua família e amigos. Ele destacou a importância do suporte emocional que recebe, mas também expressou sua necessidade de estar sozinho para lidar com sua dor. “Fico sentado no meu quarto, pensando. Não gosto de conversar com ninguém”, contou.

A Air India ofereceu uma indenização provisória de 21,5 mil libras (aproximadamente R$ 155 mil), mas representantes de Ramesh consideram o valor insuficiente, dada a gravidade da situação. O líder comunitário Sanjiv Patel, que acompanha o caso, criticou a falta de diálogo da companhia aérea com as famílias das vítimas, afirmando que “quem quer que seja o responsável deveria estar ao lado das vítimas, entendendo suas necessidades”.

Ramesh, que ainda não conseguiu voltar a trabalhar, enfrenta um futuro incerto. Ele e sua família estão em uma “crise mental, física e financeira”, e a pressão para encontrar respostas e apoio continua a crescer. O sobrevivente clama por uma reunião com executivos da Air India, que, segundo ele, têm ignorado repetidos pedidos de diálogo.

Enquanto isso, Ramesh permanece em sua luta diária, tentando encontrar um caminho para a recuperação em meio à dor e ao trauma. “Cada dia é doloroso para toda a família”, concluiu. A tragédia não apenas levou vidas, mas também deixou cicatrizes profundas que exigem tempo e cuidado para serem curadas.