Comitê de Política Monetária destaca a necessidade de cautela em meio à incerteza econômica atual
11 de Novembro de 2025 às 12h53

Copom reafirma que Selic em 15% por tempo prolongado ajudará a controlar a inflação

Comitê de Política Monetária destaca a necessidade de cautela em meio à incerteza econômica atual

BRASÍLIA - O Comitê de Política Monetária (Copom) reiterou, em ata divulgada nesta terça-feira, 11, que a taxa Selic de 15% é considerada adequada para assegurar a convergência da inflação à meta, desde que os juros permaneçam nesse patamar por um “período bastante prolongado”.

“A estratégia de manutenção do nível atual da taxa de juros por um período prolongado é suficiente para garantir a convergência da inflação à meta”, afirmou o colegiado na ata da reunião de novembro, reiterando a mensagem já transmitida em comunicado anterior, publicado na última quarta-feira, 5.

Essa avaliação representa uma mudança em relação a comunicações anteriores, nas quais o comitê avaliava se a manutenção da taxa seria suficiente para garantir a convergência da inflação. Agora, o Copom se mostra mais confiante com a estratégia adotada.

Apesar dessa confiança, o comitê manteve a cautela, afirmando que continua vigilante e que os próximos passos da política monetária poderão ser ajustados. “O Copom não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, destacou.

No trecho da ata que aborda a decisão de política monetária, o colegiado enfatizou que o cenário atual é caracterizado por elevada incerteza, o que exige uma condução cuidadosa da política monetária.

O Copom também afirmou que a manutenção da Selic em 15% está alinhada com a estratégia de convergência da inflação para a meta ao longo do horizonte relevante. “Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de garantir a estabilidade de preços, essa decisão também implica a suavização das flutuações da atividade econômica e o fomento do pleno emprego”, completou.

- CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE -

As projeções de inflação acumulada em 12 meses, já apresentadas anteriormente, foram mantidas para 2025 (4,6%), 2026 (3,6%) e o segundo trimestre de 2027 (3,3%), sendo que todas estão acima do centro da meta, que é de 3,0%. A trajetória considera uma desaceleração dos preços livres, que devem passar de 4,5% este ano para 3,2% no horizonte relevante, enquanto os preços administrados devem cair de 5,0% para 3,5% nesse mesmo período.

Essas projeções partem de um cenário de referência, considerando a trajetória de juros extraída do relatório Focus, publicado em 3 de novembro, e uma bandeira amarela para a energia elétrica em dezembro de 2025 e 2026. A taxa de câmbio começa em R$ 5,40 e evolui conforme a paridade do poder de compra (PPC). Os preços do petróleo seguem aproximadamente a curva futura por seis meses e, depois, aumentam 2% ao ano.

O Copom também detalhou que optou por incluir uma estimativa preliminar sobre o impacto da ampliação da isenção do Imposto de Renda (IR) no cenário de referência discutido na última reunião. O colegiado considerou essa estimativa incerta e afirmou que acompanhará os dados para ajustar seus impactos.

“Essa escolha por uma postura conservadora e dependente de dados é reforçada por exemplos recentes de medidas fiscais e creditícias que, embora conjecturadas como capazes de provocar discrepâncias em relação ao cenário delineado, não causaram divergências relevantes em relação ao que se esperava”, acrescentou.

Em relação ao cenário externo, o Copom destacou que continua incerto e que o shutdown nos Estados Unidos dificulta a avaliação da política monetária do Federal Reserve (Fed). “Entre as fontes de incerteza mais imediatas, estão as negociações comerciais entre Brasil e EUA e a condução da política monetária norte-americana em um ambiente de government shutdown, que torna mais difícil a avaliação da conjuntura atual”, afirmou.

O colegiado também alertou que os riscos de longo prazo permanecem, incluindo a política comercial dos EUA, a precificação adequada de fundamentos e o aumento dos gastos fiscais em vários países. A apreciação do câmbio, segundo o comitê, está em parte relacionada ao diferencial de juros e, em parte, à depreciação da moeda americana frente a diversas moedas.

“A avaliação predominante no comitê é de que persiste uma maior incerteza no cenário externo e, portanto, o Copom deve manter uma postura de cautela”, concluiu. “Como de costume, o comitê focará nos mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a dinâmica da inflação interna e seu impacto sobre o cenário prospectivo.”

Veja também:

Tópicos: