Maduro canta 'Imagine' de John Lennon em apelo por paz com os EUA na Venezuela
Durante comício, presidente venezuelano critica presença militar americana no Caribe e pede união.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, fez um apelo por paz aos Estados Unidos no último sábado (15), ao interpretar a famosa canção “Imagine”, de John Lennon, durante um comício realizado em Miranda. O ato, que contou com a presença de apoiadores e autoridades do governo, teve como foco a necessidade de promover a paz em meio ao aumento das tensões entre Caracas e Washington.
Em sua apresentação, Maduro cantou o refrão da música, enfatizando a importância de “fazer tudo pela paz”. Ele também se dirigiu ao ministro da Comunicação, Alfred Nazareth, pedindo que lembrasse os versos “Imaginem todas as pessoas”, enquanto os integrantes do governo faziam o tradicional gesto de paz com as mãos, em um momento simbólico que buscava reforçar a mensagem pacifista.
A canção “Imagine”, lançada na década de 1970 por John Lennon e Yoko Ono, se tornou um hino mundial que idealiza um mundo sem fronteiras, conflitos ou desigualdades. Entre seus versos mais conhecidos estão referências a um mundo em harmonia: “Imagine que não existem países… nada pelo que matar ou morrer”.
O gesto de Maduro ocorre em um contexto de crescente tensão entre a Venezuela e os Estados Unidos, especialmente após a intensificação da presença militar americana no Caribe. O governo venezuelano tem criticado as operações militares anunciadas por Washington, que, segundo os EUA, visam combater o narcotráfico na região.
De acordo com a CNN, durante o mesmo evento, Maduro se manifestou contra a mobilização militar dos Estados Unidos, que anunciou a realização de exercícios em conjunto com Trinidad e Tobago, a partir deste domingo (16). Ele classificou essas manobras como “irresponsáveis” e uma tentativa de ameaçar a soberania venezuelana.
O presidente também destacou que a administração Trump o acusa de liderar o chamado Cartel de los Soles, uma organização considerada terrorista pelo governo americano, que o responsabiliza pelo envio de drogas ao território dos EUA. Maduro, por sua vez, defende que as operações militares são uma desculpa para desestabilizar seu governo.
“O governo de Trinidad e Tobago anunciou novamente exercícios irresponsáveis, cedendo suas águas na costa do estado de Sucre para manobras militares que pretendem ser ameaçadoras para uma república como a Venezuela, que não se deixa intimidar por ninguém”, declarou Maduro durante o ato.
O presidente convocou seus apoiadores a realizarem uma vigília e uma marcha permanente nas ruas durante os exercícios militares, pedindo que se mobilizassem com fervor patriótico e que dissesse “fora daqui, navios imperialistas!”, mas alertou para não caírem em provocações.
As novas manobras militares foram anunciadas um dia após os Estados Unidos informarem sobre uma nova fase em sua ofensiva militar, que inclui a presença do maior porta-aviões do mundo, o Gerald Ford, na região. Desde setembro, as operações americanas resultaram em bombardeios de embarcações suspeitas de narcotráfico, com um saldo de pelo menos 80 mortos, segundo relatos.
Enquanto Maduro continua a defender a paz como uma resposta necessária a uma suposta ameaça externa, a situação entre os dois países permanece tensa, refletindo o cenário complexo das relações internacionais na região.
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