OMS revela que 840 milhões de mulheres no mundo sofreram violência em suas vidas
Estudo aponta que apenas 11% das mulheres com 15 anos ou mais foram vítimas de violência no último ano, com progresso lento na redução.
Quase uma em cada três mulheres, cerca de 840 milhões em todo o mundo, já enfrentou algum tipo de violência doméstica ou sexual ao longo de sua vida, conforme divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quarta-feira (19). O relatório, que abrange dados coletados entre 2000 e 2023, revela que a situação de violência contra mulheres permanece alarmante e praticamente inalterada desde o ano 2000.
Nos últimos 12 meses, aproximadamente 316 milhões de mulheres, o que representa 11% da população feminina com 15 anos ou mais, foram vítimas de violência física ou sexual perpetrada por um parceiro íntimo. A OMS destaca que o progresso na redução desses casos tem sido “dolorosamente lento”, com uma diminuição anual de apenas 0,2% nas últimas duas décadas.
Este é o primeiro relatório a incluir estimativas sobre a violência sexual cometida por pessoas que não são parceiros íntimos, revelando que 263 milhões de mulheres com 15 anos ou mais também sofreram esse tipo de agressão. Segundo a OMS, esses números são considerados significativamente subnotificados devido ao estigma e ao medo que cercam essas situações.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, enfatizou que “a violência contra mulheres é uma das injustiças mais antigas e disseminadas da humanidade, e ainda assim uma das menos combatidas”. Ele acrescentou que “nenhuma sociedade pode se considerar justa, segura ou saudável enquanto metade de sua população vive com medo”, ressaltando que a erradicação da violência sexual contra mulheres não é apenas uma questão política, mas de dignidade, igualdade e direitos humanos.
Além disso, a OMS alerta que as mulheres vítimas de violência enfrentam riscos elevados, incluindo gestações indesejadas, maior probabilidade de contrair infecções sexualmente transmissíveis e problemas de saúde mental, como depressão. Os serviços de saúde sexual e reprodutiva são considerados um ponto crucial para que as sobreviventes recebam o atendimento necessário.
O relatório também destaca que a violência contra mulheres começa cedo e persiste ao longo da vida. Nos últimos 12 meses, 12,5 milhões de adolescentes entre 15 e 19 anos, ou 16% do total, sofreram violência física e/ou sexual por parte de um parceiro. A OMS observa que, embora a violência ocorra em todos os países, as mulheres em nações menos desenvolvidas, afetadas por conflitos e vulneráveis às mudanças climáticas são desproporcionalmente afetadas.
Na Oceania, excluindo Austrália e Nova Zelândia, a taxa de prevalência de violência por parceiros no último ano foi de 38%, mais de três vezes a média global de 11%. O relatório conclama a ação governamental para abordar essa crise, pedindo um financiamento adequado para iniciativas de prevenção e apoio às vítimas.
Para acelerar o progresso global e gerar mudanças significativas na vida de mulheres e meninas afetadas pela violência, a OMS recomenda que os países implementem ações decisivas, como:
- Ampliar programas de prevenção baseados em evidências;
- Fortalecer serviços de saúde, jurídicos e sociais centrados nas sobreviventes;
- Investir em sistemas de dados para monitorar o progresso e alcançar grupos mais vulneráveis;
- Garantir a aplicação de leis e políticas que empoderem mulheres e meninas.
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