Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fez o anúncio durante a COP-30 em Belém, em meio a tensões diplomáticas.
20 de Novembro de 2025 às 15h48

Alemanha anuncia aporte de 1 bilhão de euros ao Fundo Florestas Tropicais em meio a críticas

Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fez o anúncio durante a COP-30 em Belém, em meio a tensões diplomáticas.

ENVIADOS ESPECIAIS A BELÉM - A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, anunciou nesta quarta-feira, 19, durante a Cúpula do Clima da ONU (COP-30), em Belém, que a Alemanha realizará um aporte de 1 bilhão de euros (aproximadamente R$ 6 bilhões) ao Fundo Florestas Tropicais Para Sempre (TFFF, na sigla em inglês).

“Tivemos a alegria de que a Alemanha fez o anúncio de seu aporte da ordem de 1 bilhão de euros”, afirmou Marina Silva, destacando a importância do investimento em um contexto de crescente preocupação ambiental.

O anúncio ocorre em meio a uma crise diplomática provocada pelo primeiro-ministro da Alemanha, Friedrich Merz, que fez críticas a Belém durante um discurso no Congresso Alemão do Comércio no último dia 13. Na ocasião, Merz comparou a situação do Brasil com a da Alemanha, gerando desconforto nas relações entre os países.

“Senhoras e senhores, vivemos em um dos países mais belos do mundo. Na semana passada, perguntei a alguns jornalistas que estavam comigo no Brasil: ‘Quem de vocês gostaria de ficar aqui?’ Ninguém levantou a mão. Todos ficaram felizes por termos retornado à Alemanha daquele lugar que tínhamos acabado de visitar”, disse Merz, gerando reações negativas no Brasil.

O discurso de Merz foi amplamente divulgado, incluindo uma transmissão no YouTube e uma transcrição na página oficial do governo federal alemão, o que intensificou as críticas ao seu posicionamento.

O TFFF visa criar um modelo de financiamento climático que recompensa países pela preservação de suas florestas tropicais. A proposta é que os países que mantêm suas florestas recebam um “bônus” financeiro, tornando a conservação uma alternativa economicamente viável. O objetivo é captar recursos no mercado, oferecendo juros reduzidos como um ativo de baixo risco.

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Os recursos do TFFF serão reinvestidos em projetos com maior taxa de retorno, gerando lucro. Parte desse lucro será destinada aos países que mantêm suas florestas, proporcionalmente à área preservada, enquanto outra parte será devolvida aos investidores, que também terão vantagens financeiras.

Durante um encontro bilateral com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva no último dia 7, em Belém, Merz havia mencionado um investimento “considerável” no TFFF, mas sem especificar valores, o que frustrou as expectativas do governo brasileiro. Ele ressaltou que a definição do montante dependeria de acordos internos em sua coalizão, sem uma data definida para isso.

Após as críticas a Belém, a Alemanha acelerou o anúncio do aporte de 1 bilhão de euros ao TFFF, buscando mitigar os danos à sua imagem e fortalecer as relações com o Brasil.

Além da Alemanha, outros países também se comprometeram a investir no TFFF. Durante a Cúpula dos Líderes, que antecedeu a COP-30, a Noruega anunciou um investimento de US$ 3 bilhões (R$ 16 bilhões) no fundo, superando as expectativas do Brasil. A Indonésia confirmou um aporte de US$ 1 bilhão, enquanto Portugal fez um investimento menor, de € 1 milhão (cerca de R$ 6,2 milhões).

A Holanda, por sua vez, fará uma doação de seis milhões de euros para o funcionamento do fundo, embora não se trate de um investimento. Reino Unido e Finlândia já indicaram que não participarão da proposta, o que gerou descontentamento entre os representantes brasileiros.

O objetivo final é levantar pelo menos US$ 25 bilhões com a colaboração de governos e entidades filantrópicas, visando a proteção e a preservação das florestas tropicais em todo o mundo.

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