Alemanha anuncia aporte de 1 bilhão de euros ao Fundo Florestas Tropicais em meio a críticas
Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fez o anúncio durante a COP-30 em Belém, em meio a tensões diplomáticas.
ENVIADOS ESPECIAIS A BELÉM - A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, anunciou nesta quarta-feira, 19, durante a Cúpula do Clima da ONU (COP-30), em Belém, que a Alemanha realizará um aporte de 1 bilhão de euros (aproximadamente R$ 6 bilhões) ao Fundo Florestas Tropicais Para Sempre (TFFF, na sigla em inglês).
“Tivemos a alegria de que a Alemanha fez o anúncio de seu aporte da ordem de 1 bilhão de euros”, afirmou Marina Silva, destacando a importância do investimento em um contexto de crescente preocupação ambiental.
O anúncio ocorre em meio a uma crise diplomática provocada pelo primeiro-ministro da Alemanha, Friedrich Merz, que fez críticas a Belém durante um discurso no Congresso Alemão do Comércio no último dia 13. Na ocasião, Merz comparou a situação do Brasil com a da Alemanha, gerando desconforto nas relações entre os países.
“Senhoras e senhores, vivemos em um dos países mais belos do mundo. Na semana passada, perguntei a alguns jornalistas que estavam comigo no Brasil: ‘Quem de vocês gostaria de ficar aqui?’ Ninguém levantou a mão. Todos ficaram felizes por termos retornado à Alemanha daquele lugar que tínhamos acabado de visitar”, disse Merz, gerando reações negativas no Brasil.
O discurso de Merz foi amplamente divulgado, incluindo uma transmissão no YouTube e uma transcrição na página oficial do governo federal alemão, o que intensificou as críticas ao seu posicionamento.
O TFFF visa criar um modelo de financiamento climático que recompensa países pela preservação de suas florestas tropicais. A proposta é que os países que mantêm suas florestas recebam um “bônus” financeiro, tornando a conservação uma alternativa economicamente viável. O objetivo é captar recursos no mercado, oferecendo juros reduzidos como um ativo de baixo risco.
Os recursos do TFFF serão reinvestidos em projetos com maior taxa de retorno, gerando lucro. Parte desse lucro será destinada aos países que mantêm suas florestas, proporcionalmente à área preservada, enquanto outra parte será devolvida aos investidores, que também terão vantagens financeiras.
Durante um encontro bilateral com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva no último dia 7, em Belém, Merz havia mencionado um investimento “considerável” no TFFF, mas sem especificar valores, o que frustrou as expectativas do governo brasileiro. Ele ressaltou que a definição do montante dependeria de acordos internos em sua coalizão, sem uma data definida para isso.
Após as críticas a Belém, a Alemanha acelerou o anúncio do aporte de 1 bilhão de euros ao TFFF, buscando mitigar os danos à sua imagem e fortalecer as relações com o Brasil.
Além da Alemanha, outros países também se comprometeram a investir no TFFF. Durante a Cúpula dos Líderes, que antecedeu a COP-30, a Noruega anunciou um investimento de US$ 3 bilhões (R$ 16 bilhões) no fundo, superando as expectativas do Brasil. A Indonésia confirmou um aporte de US$ 1 bilhão, enquanto Portugal fez um investimento menor, de € 1 milhão (cerca de R$ 6,2 milhões).
A Holanda, por sua vez, fará uma doação de seis milhões de euros para o funcionamento do fundo, embora não se trate de um investimento. Reino Unido e Finlândia já indicaram que não participarão da proposta, o que gerou descontentamento entre os representantes brasileiros.
O objetivo final é levantar pelo menos US$ 25 bilhões com a colaboração de governos e entidades filantrópicas, visando a proteção e a preservação das florestas tropicais em todo o mundo.
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