Medidas fiscais do governo não agradam ao mercado, que reage com forte alta da moeda americana
28 de Novembro de 2024 às 10h12

Anúncio de cortes de gastos gera desconfiança e dólar se aproxima de R$ 6

Medidas fiscais do governo não agradam ao mercado, que reage com forte alta da moeda americana

O anúncio do pacote de cortes de gastos pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quinta-feira (28), não trouxe a segurança esperada pelo mercado financeiro, que reagiu negativamente. O dólar, que já havia alcançado a marca de R$ 5,99 na abertura do dia, fechou com alta de 0,84%, cotado a R$ 5,96, refletindo a falta de confiança nas medidas propostas.

Os investidores aguardavam ansiosamente detalhes sobre os cortes, que prometem economizar R$ 70 bilhões entre 2025 e 2026. Contudo, a inclusão da isenção do Imposto de Renda para contribuintes que ganham até R$ 5 mil mensais, uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, gerou preocupações sobre o impacto fiscal da proposta. A medida, que deve custar cerca de R$ 40 bilhões aos cofres públicos, foi vista como um fator que comprometerá o equilíbrio fiscal.

O mercado reagiu com desconfiança, considerando que a ampliação da faixa de isenção do IR poderia ofuscar a eficácia do pacote de cortes. Segundo especialistas, a isenção deixaria apenas 15% da população sujeita ao imposto, o que poderia resultar em um significativo rombo nas receitas do governo.

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A reação do mercado foi imediata. Às 9h, a cotação do dólar subiu para R$ 5,9908, uma alta de 1,31%. Embora tenha arrefecido um pouco, a moeda americana continuou a mostrar força ao longo do dia. O Ibovespa também sentiu os efeitos, fechando em queda de 1,73%, o que evidencia a desconfiança generalizada dos investidores em relação à estratégia fiscal do governo.

Analistas apontam que o pacote, que deveria ser um passo em direção à responsabilidade fiscal, acabou gerando uma sensação de que o governo perdeu o timing para apresentar medidas mais robustas. A falta de clareza sobre como o governo pretende equilibrar cortes e isenções deixa o mercado em uma posição defensiva, com os investidores aguardando mais informações sobre a sustentabilidade das propostas.

A expectativa agora é que o governo apresente mais detalhes sobre o financiamento da isenção do IR e como planeja compensar os gastos adicionais que essa medida acarretará. A situação fiscal do Brasil continua a ser uma preocupação central, e a confiança dos investidores está em jogo.

Enquanto isso, o cenário internacional também pesa sobre o real. A desvalorização da moeda brasileira, que já vinha se acentuando, foi exacerbada pela falta de confiança nas contas públicas. O mercado espera por um posicionamento claro do governo, que precisa demonstrar que é capaz de honrar suas dívidas e manter a estabilidade econômica.

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